ディスカバー・ニッケイ

https://www.discovernikkei.org/ja/journal/2008/4/8/agricultura-brasileira/

Os imigrantes e as inovações na agricultura brasileira via CAC

Em tempos de centenário da imigração japonesa no Brasil, falar daqueles pioneiros e seus primeiros descendentes, muito mais do que lugar comum, é um reconhecimento pelo legado que deixaram não somente às gerações seguintes, mas também à sociedade brasileira que os acolheu. Dentre os vários legados, pode-se dizer que a inovação foi um dos mais emblemáticos. Neste caso, não se trata da tecnologia de ponta traduzida pelos automóveis, processadores, semicondutores ou nanotecnologia, mas da inovação relacionada à agricultura.

Em 1927 teve início a “Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada dos Produtores de Batata em Cotia – Sociedade Anônima” em Moinho Velho, município de Cotia a 27 km a Oeste da cidade São Paulo. Por iniciativa de Kenkiti Simomoto foi criada uma organização com o intuito de proteger e fortalecer os imigrantes japoneses produtores de batata da região, não apenas no que dizia respeito à comercialização, mas também ao acesso a informações técnicas que pudessem aumentar a qualidade e produtividade do produto.

Em 1933, diante da necessidade de ampliar o escopo de atuação da Cooperativa, os estatutos foram alterados e ela passou a se chamar Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), pela necessidade de incorporar outros produtores, como os de hortaliças e tomate. A CAC foi responsável por avanços importantes tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista de gestão e mesmo no estabelecimento de novos referenciais, como por exemplo, a demonstração da viabilidade econômica da pequena propriedade agrícola. Esta não estava vinculada apenas e tão somente à agricultura de subsistência ou estava subordinada à grande propriedade agrícola, mas, por meio de uma exploração racional e de alta performance a pequena propriedade poderia ser economicamente viável.

Uma das primeiras inovações difundidas pelos imigrantes no âmbito da Cooperativa, ainda nos primeiros anos, foi a prática de correção do solo para melhoria da qualidade e produtividade, tanto com a utilização de adubos químicos, como orgânicos. Além do adubo orgânico adquirido dos matadouros da região, foi introduzida a calda bordaleza, feita com sulfato de cobre e cal. Implantada a partir de uma publicação técnica japonesa, a inovação tinha como finalidade proteger a plantação de batatas contra certas doenças. Além disso, aqueles agricultores passaram a selecionar as melhores variedades, começaram a importar sementes da Holanda, introduziram uma técnica chamada de “aração profunda” e também instituíram um método de comercialização que privilegiava os produtos de qualidade mais elevada.

Nos seus quase 70 anos de história (1927 – 1994) a CAC é repleta de casos de novos produtos, processos, formas organizacionais e estratégias de gestão. As inovações tinham como fontes os próprios cooperados, o corpo técnico da Cooperativa, os institutos públicos de pesquisa e também informações e conhecimentos vindos de outros países, notadamente do Japão. A plantação de hortaliças em estufas, os enxertos para melhoria da qualidade e resistência dos produtos, a criação de novas variedades como a uva rubi, são algumas das inovações desenvolvidas e disseminadas no âmbito da CAC. Ela chegou a se tornar a maior cooperativa da América Latina, estando presente em quase todos os estados brasileiros com 18 mil cooperados, em sua grande maioria descendentes de japoneses.

Não há como dissociar a história da imigração japonesa no Brasil da agricultura. Os pequenos proprietários rurais, motivados por instituições agrícolas como a CAC, contribuíram significativamente para implantar e difundir o consumo de inúmeros produtos hortifrutigranjeiros. A presença da CAC foi relevante tanto diretamente no campo, com produtos de qualidade, como também fora dele quando promovia a integração dos filhos e esposas dos agricultores. Envolveu o trabalho de preparação do solo para o plantio até a colheita e comercialização dos produtos, passando pela assistência técnica e o intercâmbio entre os cooperados e chegando até a inserção das esposas e filhos dos cooperados no ambiente cooperativista.

Sem dúvida, a grande contribuição da CAC foi para com a agricultura ao participar decisivamente na implantação de inúmeros produtos e técnicas agrícolas. Em muitos casos, como nos exemplos do tomate e da batata, a produtividade dos agricultores da CAC era muito superior à media nacional. Alguns números indicam que a CAC, com menos de 10% da área plantada de batatas no país, era responsável por mais de 20% da produção brasileira. Quanto ao tomate, com pouco menos de 5% da área plantada, ela respondia por mais de 15% da produção. A CAC mostrou-se muito dinâmica em suas atribuições de introdução e disseminação de novas culturas e técnicas no ambiente agrícola.

Houve épocas em que a CEAGESP, Central de Abastecimentos, em São Paulo, tinha a CAC como um importante referencial no comércio dos produtos. A CAC funcionava como um balizador, uma referência na regulação dos preços e nos padrões de qualidade. Além disso, em outros aspectos como embalagens, também era a Cooperativa quem estabelecia os padrões utilizados, seja por criação própria, seja pela observação de outros mercados e adaptação às necessidades da CEAGESP e dos consumidores.

Uma das inovações da Cooperativa, do ponto de vista organizacional e mesmo técnico, dizia respeito aos “Grupos de Produtores” (GP). Face à grande quantidade de produtos com os quais a Cooperativa operava, atender as mais diferentes demandas era uma tarefa bastante complexa. A CAC resolveu instituir os Grupos de Produtores para reunir agrônomos e cooperados de determinada cultura para tratar dos assuntos relacionados às suas respectivas áreas. Nestes Grupos eram discutidas questões técnicas de condução das lavouras, aspectos estratégicos referentes à comercialização, como preço, público alvo, mercado consumidor e todos os assuntos diretamente relacionados aos seus produtos. Estes grupos, portanto, eram formados por cooperados reunidos segundo a cultura para a qual se dedicavam. Havia o Grupo dos Produtores de chá, de soja, de trigo, de banana e assim por diante.

Esses Grupos funcionavam como geradores e difusores de tecnologias, enquanto agricultores e agrônomos discutiam e pesquisavam problemas e soluções em suas respectivas lavouras. Não havia ninguém mais interessado em melhorar a produtividade das lavouras do que o próprio agricultor e o intercâmbio com agrônomos e outros agricultores contribuía para a busca de melhorias para o setor. Constatado determinado problema ou dificuldade, o Grupo se reunia para discutir e buscar a melhor solução. Ou seja, as experiências individuais se agregavam para a solução de problemas comuns. A afinidade profissional e a defesa dos interesses comuns faziam com que os Grupos se estruturassem. Com isso a instituição CAC como um todo também se fortalecia.

O lema da Cooperativa – soma de forças, multiplicação de progresso – e seus símbolos – a abelha e as colméias – retratavam o espírito a partir do qual a CAC foi criada. Espírito este que se perdeu ao longo do tempo face ao gigantismo da instituição e também às crises econômicas pelas quais o país passou nos anos 80 e 90. Ainda que ela tenha deixado de existir, é importante dar créditos e reverenciar àqueles que foram grandes inovadores no seu tempo; criaram e conduziram uma organização que por muito tempo, ajudou a fortalecer os laços de integração e trabalho entre os imigrantes japoneses e; forjaram avanços na agricultura dignos de nota.

© 2008 Newton Hirata

執筆者について

ニュートン・ヒラタは空軍士官学校の非常勤教授であり、UEM (マリンガ) で行政学の学士号を取得し、USP (サンパウロ) で政治学の修士号と博士号を取得しています。この記事は、2001 年にサンパウロ大学政治学部で著者が擁護した修士論文「暗黙知に基づく技術革新:コチア農業都市建設における日系社会の事例」に基づいて書かれたものである。協力的です。

2008 年 4 月に更新

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