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Parte 4: Dois anos após a requisição forçada, para o Brasil

Yara fala sobre tempos de guerra

Antes da guerra, a família de Tomoji Yara (78), um imigrante de Isahama que vive na área de Casa Verde, na Cidade Sagrada, trabalhava numa quinta de cânhamo de Manila, em Davao, nas Filipinas. Quando a guerra começou, eles foram expulsos como cidadãos inimigos e viviam como refugiados junto com outros japoneses. Eles corriam sem nada para comer e todos ficaram aleijados ou doentes. Nessa época, seus dois irmãos morreram de desnutrição.

No acampamento para onde foram levados depois da guerra, eles passavam o tempo em tendas armadas ao ar livre. Aqui também faltou comida e até o seu irmão mais velho, que estava feliz por finalmente poder voltar ao Japão, morreu de desnutrição.

Depois de passar cerca de um ano no acampamento, ele retornou ao Japão e foi internado primeiro em um hospital no continente, depois retornou para Okinawa. Como não tinha permissão para entrar em Isahama, passou um ano na casa de um parente em Nodaka, cidade de Ginowan. Quando voltei para Isahama, minha casa estava meio destruída.

Após a luta pela terra de Isahama, a terra foi confiscada, mas a casa não foi destruída, pelo que continuaram a viver lá. No entanto, por estar perto da costa, a água do mar inundava-o sempre que ocorriam tufões ou tempestades.

Sobre a decisão de seu pai de ir para o Brasil, Yara diz: “Acho que ele estava pensando em ir para o exterior, onde há muitas terras, em vez de lutar em Okinawa. Ele também teve experiência em Davao”. “Também pensei que seria bom deixar Okinawa”, lembrou ele.

Porém, a vida no Brasil não foi fácil. Os imigrantes Isahama foram divididos em cinco famílias e designados para duas fazendas de café em Toppan, interior do estado de São Paulo. A família Yara fazia parte do “grupo Shimabukuro”, o mesmo que a família Tari e a família Sawamasa. Meus dedos estavam cobertos de feijão por causa do trabalho desconhecido, e o rendimento dependia do clima. Fiquei na Toppan por cerca de dois anos e depois mudei para outras fazendas, mas não tive nenhuma poupança durante esse período.

Ao mesmo tempo, Sawajima carregava um filho recém-nascido. Sawajima disse: ``Eu era o chefe mais jovem de uma família de 10 pessoas e o que tinha menos dinheiro. Minha esposa e eu estávamos tão ocupados com o trabalho que não podíamos cuidar adequadamente de nossos filhos. trabalho, nossos filhos saíram do quarto. Quando saí e a vi dormindo na cozinha, comecei a chorar. Pensei: ``Vim ao Brasil para abandonar meu filho?''

Na época, a luta pela terra era amplamente divulgada em Okinawa, mas poucas pessoas no Brasil sabiam disso e não havia simpatia. Olhando para trás, Tomonori Tari disse: "Não éramos os únicos no Brasil. Todos estavam sofrendo e não tivemos escolha a não ser fazer isso sem reclamar".

Suas vidas ficaram mais fáceis depois que pararam de cultivar e se tornaram santos. Em 1963, a família Tari começou a vender grãos e outros produtos em São Paulo. Como a loja estava instalada em uma área com muitos trabalhadores, vendia como pão quente.

A prosperidade da família Tari depois disso foi notável. Por volta de 1966, foi construída uma grande casa de dois andares, sendo o primeiro andar utilizado como armazém para armazenamento de estoques. Na época não existiam outras casas tão grandes na área de Casa Verde.

Dez anos depois, construiu e começou a administrar um supermercado em Osasco, interior de São Paulo. Posteriormente, uma segunda loja foi inaugurada na cidade de Barueri, e agora o irmão mais novo e os filhos de Tomonori assumiram o negócio. Na década de 1980, Tomonori comprou terras em Goiânia, no estado de Goiás, que hoje abrigam uma fazenda para cerca de 500 vacas e uma fazenda de soja de 1.400 hectares.

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*Este artigo foi reimpresso de “ Nikkei Shimbun ” (17 de março de 2018).

© 2018 Rikuto Yamagata / Nikkey Shimbun

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Sobre esta série

Em 19 de julho de 1955, 10 anos após o fim da guerra, as terras e até as casas em Isahama, cidade de Ginowan, que se dizia ser “um dos campos mais bonitos de Okinawa”, foram requisitadas à força pelo Forças Armadas dos Estados Unidos. Dois anos depois, 10 famílias que perderam suas terras se mudaram para o Brasil, um país desconhecido e sem parentes. A “Luta pela Terra de Isahama” foi um dos primeiros movimentos de resistência contra a requisição forçada e tornou-se um facto histórico que foi simbolicamente falado na “Luta em toda a Ilha” que se seguiu. Por outro lado, pouco se sabe sobre que tipo de vida levavam as pessoas que foram para França. Como eles se sentiram ao ter suas terras confiscadas e deixarem sua cidade natal? Que tipo de pensamentos você teve enquanto morava no Brasil? Através de entrevistas com três grupos de imigrantes Isahama, traçamos parte da turbulenta história moderna de Okinawa. Um total de 5 séries de peças. Reimpresso de " Nikkei Shimbun ".

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About the Author

Nasceu em 1992 na província de Saitama. Graduado pela Faculdade de Comércio da Universidade Meiji. Ainda estudante universitário, visitou países latino-americanos como Brasil e Argentina. Após se formar, trabalhou em uma seguradora por dois anos e, a partir de 2017, aproveitou o programa de treinamento da Associação de Intercâmbio Brasil-Japão para receber treinamento no Nikkei Shimbun. Repórter do jornal Nikkei desde 2018.

(Atualizado em julho de 2018)

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