PERFIL DO ARTISTA:

Nascido em 1969, em Tóquio, Japão. Vive e trabalha em Los Angeles.

Ichiro Irie vem expondo seu trabalho em galerias e museus em Los Angeles, Nova York, Cidade do México, Tóquio, Londres, Varsóvia, Frankfurt, Holanda, Buenos Aires, Hong Kong e Cingapura. Como curador, organizou mais de 40 exposições em espaços como o 18th Street Arts Center e Raid Projects, em Los Angeles; Art & Idea e MUCA Roma, na cidade do México; Campbell Works, em Londres; Videor Art Foundation, em Frankfurt e Kyubidou Gallery, em Tóquio. Fundador e editor da revista de arte contemporânea RiM, publicada de 2002 a 2007. Desde 2009 é proprietário e diretor do JAUS, o mais popular espaço dirigido por um artista em Los Angeles, e é artista-residente no 18th Street Arts Center. Irie é formado em Belas Artes pela Claremont Graduate University, na Califórnia.

TRANSCRIÇÃO:

Simplesmente a natureza do meu trabalho é muito multidisciplinar. Dirijo um espaço chamado “Jaus”, em West Los Angeles e faço meu próprio trabalho e também organizo as exposições. E mesmo em meu trabalho, meu trabalho vai desde pintura bem tradicional e esculturas com objetos encontrados até vídeo e performances.

Cresci aqui nos Estados Unidos, mas não me tornei cidadão norte-americano até recentemente e tudo o mais. Desde que me tornei cidadão, tornei-me mais cauteloso com o que significa ser norte-americano.

Quando era mais jovem, recém-formado, achava que a ideia de ser cidadão era algo muito cultural. Era muito, mas muito problemático. Mais ou menos, algo como ‘isso é o que eles fazem e isso é o que nós fazemos’ e juntar tudo isso era muito perigoso. Eu não sabia se queria ser visto como, “ah, sei, aquele cara nipo-americano". O contexto é sempre muito, mas muito importante. Certas exposições que lidam de forma inteligente com essa questão de identidade. Quando são bem-feitas, e acho que são, com plena consciência dessas questões. Acho que seria ótimo.

Fiz uma série sobre o herói de ação japonês, Ultraman, também baseado nos 48 Portraits, de Richter. Eles eram um monte de portraits do Ultraman. Algo naquele projeto me fez lembrar as lentes dos óculos de sol. Portanto, gosto dessa coisa de quebrar e fraturar e da ideia de pôr tudo de volta em um pedaço só. Algo como a tarefa muito ineficaz e trabalhosa de Sísifo, de criar algo que, no fim das contas, está quebrado mesmo, e vejo alguma beleza nisso. E de repente, dei de cara com esse manequim, e aí tive essa ideia maluca. E seu eu cobrir todo o manequim com aquilo?

Antes mesmo de estudar Artes, já estava imerso nessa cultura de artista e na cultura DIY – de fazer tudo sozinho.

Minha revista, acredito, foi uma tentativa, muito pequena e limitada, de criar mais diálogo entre essas duas comunidades. Vendo onde estão aqueles limites, em termos do que as pessoas reconhecem como produtos culturais, mas também onde estão esses limites, em termos do que é permitido ou o que é aceito e vendo onde estão aquelas áreas cinzentas, e tentando não ultrapassar as áreas cinzentas, e podendo brincar dentro delas.

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Fronteiras Transpacíficas: a arte da diáspora japonesa em Lima, Los Angeles, Cidade do México e São Paulo está em exibição no Museu Nacional Nipo-Americano de 17 de setembro de 2017 a 25 de fevereiro de 2018. A exposição examina as experiências de artistas de ancestralidade japonesa que nasceram, cresceram ou vivem na América Latina ou em bairros predominantemente latino-americanos no sul da Califórnia. Ichiro Irie é um dos artistas de destaque nessa exposição.

Para mais informações sobre a exposição, visite janm.org/transpacific-borderlands.

Japanese American National Museum
100 N. Central Ave.
Los Angeles, CA 90012
janm.org

*A exposição é parte da Pacific Standard Time LA/LA—uma iniciativa liderada pela Getty Foundation, que explora a arte latino-americana em diálogo com Los Angeles e foi realizada com um patrocínio dessa Fundação. O atual patrocinador da PST/LA/LA é o Bank of America.