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Abrindo novas portas para se expressar (Espanhol)

(Espanhol) Imagine alguém que molda com as mãos durante 30 anos, deixa a filosofia, deixa as palavras. Eu não tinha a disciplina para poder terminar os meus trabalhos de filosofia. Nós já falamos sobre isso. Eu acho que para mim é muito difícil editar [textos]. Posso editar no espaço, visualmente, o que é algo curioso. Posso fazer um trabalho hermético, preciso, no lugar certinho, quase pontual. No entanto, com a linguagem – inclusive a fala – é muito mais difícil. Não existe precisão, rigor. Acredito que o trabalho com o livro me levou um pouco a tentar seguir aquele caminho, enquanto escrevia as palavras ... Tenho que agradecer pela companhia de duas pessoas que estavam na gráfica: uma era Frank Sotomayor, enquanto que Jorge Villacorta foi um bom contador de histórias ... E à medida que o desenvolvimento do projeto avançava, a linguagem se tornava mais fluida para mim. A última história foi escrita quase sem trabalho editorial – “Miminashi Hoichi, O Homem Sem Orelhas”. É incrível. Acho que da mesma forma que alguém molda argila e faz tantas esferas, se atinge a perfeição de forma meticulosa, íntegra. Provavelmente as palavras também requerem atenção – o uso ou desuso, não é verdade? Você tem que usá-las, revisá-las, mudá-las de lugar. Fiz um pouquinho disso durante a edição dos textos. Aprendi muito e além disso [essa tarefa] me ajudou a lembrar de momentos muito importantes. O vovô Tanaka, a vovó Blanca, umas rosas brancas para ela, as histórias sobre o Japão, o Ryoanji, o Heikegani – que é a cara de um samurai sobre um caranguejo, o que eu relaciono ao rosto do meu avô sobre o caranguejo azul. Também Miminashi Hoichi, que é o músico que perde as orelhas. Tantas coisas. Acredito que o livro me ajudou a abrir outras portas. Existe um modo distinto de ver a sua própria obra como artista plástico. Acho que o visual, o planejamento físico é muito importante, mas acho que neste livro pode-se sentir uma contribuição muito intensa. Por isso acho que a mostra vai passar, pois é mais efêmera, enquanto que o livro provavelmente vai permanecer de outra maneira. Eu não diria que é uma obra literária porque é altamente visual, mas tem uma certa dose importante de reflexão. Tem uma busca pessoal, tem uma maneira de lembrar certas coisas – certos símbolos que eram muito importantes. Eu o vejo assim, como uma entrega e uma nova possibilidade de trabalho.


Data: 7 de dezembro de 2007

Localização Geográfica: Lima, Peru

Entrevistado: Harumi Nako

País: Asociación Peruano Japonesa (APJ)

Entrevistados

Carlos Runcio Tanaka nasceu em Lima em 1958. Logo depois de ter cursado filosofia no Peru, ele passou a se dedicar à cerâmica. Realizou estudos no Brasil, Itália, e Japão. Participou em exposições em grupo e coletivas no país e no estrangeiro, representando o Peru em diversas bienais da arte contemporânea. Como resultado, suas obras se encontram em museus e coleções privadas em vários países. Expõe individualmente desde 1981 na América Latina, Estados Unidos, Japão e Itália. Nos últimos anos, foi professor convidado em prestigiosas universidades nos E.U.A. e Japão. Em conjunto com suas exposições e seu trabalho de investigação, ele mantém desde 1978 um atelier de cerâmica artística, no qual produz peças utilitárias e objetos funcionais de pedra sabão, utilizando matérias primas locais e fornos de gás para cozê-las (1.300ºC). Em novembro de 2007, expôs suas obras na mostra “Uma Parábola Zen e Dez Contos” (Zen no Ohanashi to Tõ no Chiisana Monogatari / A Zen Parable and Ten Short Stories) na Galeria Ryoichi Jinnai do Centro Cultural Peruano Japonês, na ocasião da XXXV Semana Cultural do Japão. Em dezembro daquele ano, publicou seu primeiro livro com o patrocínio da Associação Peruano Japonesa, cujo título é o mesmo da sua última mostra. (7 de dezembro de 2007)