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As conotações estéticas e rituais (Espanhol)

(Espanhol) Os meus dois mestres – mentores – diriam que não: Bernard Leach e Hamada Shoji, fundadores de um movimento nos anos 40, talvez nos anos 50, mas provavelmente na década de 40. O Mingei é um movimento filosófico que respeita a vida do artesão – a arte popular como sustento para a busca estética de artistas importantes, que vieram da escola, da academia de arte, sabe? Eles se baseam na simplicidade dos objetos utilitários e objetos tradicionais para poder elaborar um discurso estético pessoal. Eu diria que sim, é importante num ofício como o da cerâmica de não apenas moldar e esculpir, mas também ter a possibilidade de desenvolver o objeto artesanal de uso, de função. Porque dessa maneira se pode compreender não apenas a técnica, mas também o que está além da técnica, certo? Às vezes, ao querer fazer um totem ou uma grande escultura de cerâmica, não vai ser possível atingir seu objetivo porque ele não está nas mãos que o trabalho necessita, além da repetição e das provas no forno e tantas coisas mais que na cerâmica são importantes para que se possa criar um produto. A função também é estética. Estou pensando na Ceremônia do Chá. Essas vasilhas maravilhosas, são vasilhas de arroz que são resultado da apreciação dos mestres Zen, e que vêm dos artesões coreanos que comem nestas vasilhas e que decidiram que seria o utensílio usado para servir o chá ritual. É impressionate. A vasilha é como um cálice; na realidade é um cálice. Eu diria que é uma cerimônia [similar] à cerimônia católica, com o cálice, a consagração. Eu acho que existe um paralelo muito forte com o ritual da Cerimônia de Chá. É aí que a função adquire conotações estéticas importantíssimas. É quando o objeto deixa de ser apenas um objeto de função para se tornar também algo de apreciação estética, de ação estética.


Data: 7 de dezembro de 2007

Localização Geográfica: Lima, Peru

Entrevistado: Harumi Nako

País: Asociación Peruano Japonesa (APJ)

Entrevistados

Carlos Runcio Tanaka nasceu em Lima em 1958. Logo depois de ter cursado filosofia no Peru, ele passou a se dedicar à cerâmica. Realizou estudos no Brasil, Itália, e Japão. Participou em exposições em grupo e coletivas no país e no estrangeiro, representando o Peru em diversas bienais da arte contemporânea. Como resultado, suas obras se encontram em museus e coleções privadas em vários países. Expõe individualmente desde 1981 na América Latina, Estados Unidos, Japão e Itália. Nos últimos anos, foi professor convidado em prestigiosas universidades nos E.U.A. e Japão. Em conjunto com suas exposições e seu trabalho de investigação, ele mantém desde 1978 um atelier de cerâmica artística, no qual produz peças utilitárias e objetos funcionais de pedra sabão, utilizando matérias primas locais e fornos de gás para cozê-las (1.300ºC). Em novembro de 2007, expôs suas obras na mostra “Uma Parábola Zen e Dez Contos” (Zen no Ohanashi to Tõ no Chiisana Monogatari / A Zen Parable and Ten Short Stories) na Galeria Ryoichi Jinnai do Centro Cultural Peruano Japonês, na ocasião da XXXV Semana Cultural do Japão. Em dezembro daquele ano, publicou seu primeiro livro com o patrocínio da Associação Peruano Japonesa, cujo título é o mesmo da sua última mostra. (7 de dezembro de 2007)