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Um Olhar sobre o ‘Movimento Dekassegui’ de Brasileiros ao Japão no Balanço do Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil - Parte 1

Introdução

As comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil foram realizadas durante o ano de 2008, produzindo inúmeros registros sobre a presença nipônica no Brasil ao longo do século XX. Dentro desse imenso cenário centenário, as suas duas últimas décadas foram marcadas por um deslocamento de brasileiros descendentes de japoneses do Brasil ao Japão como trabalhador não-qualificado, que ficou conhecido como “Movimento Dekassegui”1.

Se no final dos anos 1980 as informações sobre o tema eram esparsas, no decorrer do tempo, isso foi mudando radicalmente. Hoje já há diversos recursos, expressões e meios de comunicação que de alguma maneira retratam as relações entre o Brasil e o Japão que passaram a alimentar e assim aumentando cada vez mais as conexões estabelecidas em vários níveis entre esses dois países.

Anos 1990

A reforma da política de controle imigratório do Japão promulgada em junho de 1990 foi um dos eventos mais marcantes para o Movimento Dekassegui de brasileiros ao Japão. Foi através desta política imigratória japonesa que muitos brasileiros de origem nipônica podiam e passaram a trabalhar no Japão legalmente.

Um pouco antes, o período do final da década de 80 e início da de 90 foi marcado pela massificação do deslocamento populacional de brasileiros descendentes de japoneses, apresentando uma das maiores taxas de crescimento anual da população brasileira registrada no Japão. De 1987 a 1988, verificamos um crescimento de 84,84%. Em 1988/1989 foi de 249,31% e, maior ainda em 1989/1990: 288,42%, isto é, se em 1987 havia 2.250 brasileiros registrados e em 1991 passou a ter quase 120 mil, ou seja, em 4 anos aumentou mais de 53 vezes, na virada dos anos 1980 para 1990 (Japan Immigration Association 1995-2009).

Após esse período do início dos anos 90, a taxa de crescimento de brasileiros no Japão já não é tão vultosa, mas mesmo assim o número absoluto de brasileiros continua crescendo dentro de um certo patamar. A partir da primeira metade dos anos 90, assim que o fluxo de brasileiros ao Japão se massificou, surgiram as primeiras redes sociais migratórias de brasileiros, em que novos atores sociais entraram em cena, tais como: os candidatos a trabalhadores migrantes, as pequenas empresas japonesas demandando mão-de-obra estrangeira e os agentes intermediários. Estes últimos tinham grande atuação nesse cenário, recrutando os trabalhadores migrantes estrangeiros como os brasileiros e tornando-se assim um negócio rentável. Concomitantemente, com intuito de amparar os trabalhadores migrantes, também começaram a surgir no cenário: centros de atendimento, informação, orientação e apoio aos trabalhadores migrantes, de iniciativa governamental, municipal e de vários grupos de voluntários sem fins lucrativos.

Um ano que chama atenção é o de 1998, quando a taxa de crescimento se apresenta negativa: quase – 5%, que significa uma queda de onze mil brasileiros de 1997 para 1998, como um dos efeitos do período de recessão no Japão, implicando crise na economia japonesa e a subsequente reestruturação da indústria japonesa, que acabou levando a uma diminuição na demanda por trabalhadores migrantes estrangeiros, pela primeira vez na história deste Movimento Dekassegui. Por conta disso, nesse período, houve também uma significativa diminuição na emissão de novos vistos aos brasileiros para entrar no Japão. Mas nos anos seguintes, o contingente brasileiro voltou a crescer, chegando em 2000 com 254.394 registrados e se estabilizando num certo patamar nos anos subsequentes.

De um modo geral, podemos dizer que foi ao longo dos anos 1990 que a presença brasileira no Japão foi se consolidando, estabelecendo, institucionalizando-se em diversas áreas de conhecimento, em algumas cidades no Japão onde é grande o número de residentes estrangeiros como Hamamatsu, Toyota, Toyohashi, Ōta, Oizumi, entre outras. Muitos descendentes de japoneses sul-americanos vão trabalhar no Japão, pretendendo ficar aí como trabalhador migrante por uns dois a três anos e voltar ao seu país de origem. Tem-se observado que muitos dos que voltaram ao seu país, no caso daqueles que pretendiam abrir um negócio, ter ido como dekassegui tinha algum sentido. Mas sem trabalho, a vida que leva no Japão não é bem como imaginava. Apesar de tudo, aos poucos a sua permanência foi aumentando nesse país (TEZUKA 2005).

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Note:
1. A pertinência ou não do termo “dekassegui” vem sendo discutida mais recentemente (a partir do final dos anos 1990 para cá) uma vez que os significados – ora negativos, ora positivos – variam ao longo do tempo, e de acordo com diferentes grupos com diferentes pontos de vista, afinal esses termos adotados são sócio-culturalmente construídos e datados, num determinado tempo e num determinado espaço (local), isto é, ele tem uma história para contar. Entre prós e contras, a referência ao termo “dekassegui” para se referir ao movimento populacional de brasileiros de origem japonesa, entre o Brasil e o Japão, é bastante corriqueiro. Sem entrar no mérito da questão, ainda que pertinente e importante, neste texto, adotaremos o termo “Movimento Dekassegui” para simplificar a referência ao contingente nipo-brasileiro no cenário internacional contemporâneo.

© 2010 Elisa Massae Sasaki

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Acerca del Autor

Elisa Massae Sasaki es doctora en Ciencias Sociales por la Universidad Estadual de Campinas (UNICAMP) y actualmente es profesora invitada en el Sector Japonés del Departamento. de Letras Clásicas y Orientales, del Instituto de Letras de la Universidad del Estado de Río de Janeiro (UERJ). Tesis Doctoral titulada: “¿Ser o no ser japonés? La construcción de la identidad de los brasileños de ascendencia japonesa en el contexto de la migración internacional desde el Japón contemporáneo” (2009).

Actualizado en marzo de 2010


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