Entrevistas
Aculturação (Inglês)
(Inglês) O fato de eu ter me mudado para cá, de ter feições japonesas e de não falar o idioma foi algo realmente estranho. Eu acho que estaria tudo bem se ninguém dissesse nada, mas o fato foi que as pessoas ficavam meio incomodadas ou olhavam para mim de uma maneira esquisita. Eles ficavam falando e falando e falando, e eu pensando comigo: “Eu não estou entendendo nada”. Finalmente, nós aprendemos [o significado da expressão] “Wakarimasen” – eles ficavam olhando para mim como que dizendo: “Você é burra? Você é retardada? Você é devagar? O que é que tem de errado com você?” Teve gente que se esforçou para me contar o que eles estavam fazendo e ou para me explicar o que estava se passando para que eu pudesse me sentir incluída. Isso me fazia sentir mal. Por isso eu fazia um esforço para entendê-los, e olhava para eles como se estivesse entendendo mais ou menos. Quando eles riam, eu ria. Mas na verdade, eu não entendia nada mesmo. Morar no Japão e cursar uma escola americana é como morar nos Estados Unidos, a não ser que você tenha amigos japoneses. Ou seja, o meu japonês só começou a melhorar depois que eu me formei na ASIJ, fui para Sofia e me inscrevi ... e comecei a cursar essa escola de beleza. Porque isso me forçou a fazer amizades com japoneses que realmente queriam falar comigo mas não podiam – ao passo que eu realmente queria falar com eles mas não podia. Então a gente fazia desenhos e tinha um senhor na nossa aula que falava um pouquinho de inglês e ele servia como o nosso tradutor. Minhas amizades se desenvolveram ali, e o meu japonês acabou melhorando um pouco. Eu não posso dizer que eu entendia tudo. Eu costumava chegar em casa com dor de cabeça depois da escola – especialmente depois que eu me formei no curso secundário – porque eu conseguia entender menos da metade do que era falado. E eu gosto de falar. Isso deve ser uma grande surpresa para você, não? Mas sabe, eu gosto de falar com as pessoas e eu gosto de ficar com as pessoas. Por isso, o fato de eu não poder falar com elas ou entender o que elas estavam dizendo, ou de não poder me expressar da maneira que eu queria, era muito frustrante.
Data: 3 de setembro de 2003
Localização Geográfica: Tóquio, Japão
Entrevistado: Art Nomura
País: Art Nomura, Finding Home.
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