Descubra Nikkei

https://www.discovernikkei.org/pt/journal/2019/9/30/imin-to-nihonjin/

Interpretando “A Imigração e os Japoneses: Dos 110 anos de história da imigração para o Brasil” - Uma nova perspectiva no estudo da imigração japonesa no Brasil -

Imigração e os japoneses: dos 110 anos de história da imigração para o Brasil ” (editado por Nikkei Shimbun) (Masayuki Fukasawa, Mumeisha Publishing, 2019)

No dia 28 de abril de 1908, o navio de imigrantes Kasato Maru, transportando 781 imigrantes japoneses do Brasil, partiu do Porto de Kobe e chegou a Santos no dia 18 de junho. Este ano marca o 111º aniversário. Através de muitas reviravoltas durante esse período, hoje a maior comunidade Nikkei do mundo, totalizando aproximadamente 1,9 milhão de pessoas, foi estabelecida no Brasil. No dia 8 de julho, foi realizada uma cerimônia especial no Senado Federal para comemorar os 111 anos da emigração japonesa para o Brasil, celebrando as conquistas desses pioneiros da imigração japonesa para o Brasil.

Neste aniversário de 111 anos, “Imigrantes e os Japoneses – Dos 110 anos de história da imigração brasileira” (Editora Mumeisha) foi publicado pelo Sr. Masayuki Fukazawa, editor-chefe do São Paulo Nikkei Shimbun (editado por Nikkei Shimbun). . Este livro difere da pesquisa convencional sobre a imigração japonesa "brasileira" porque o autor reconsidera a história da imigração, que é o "lado B" da história japonesa, e tenta incorporar a história da imigração japonesa no Brasil na história moderna do Japão. se destaca e tem um conteúdo extremamente interessante.

Utilizando seus muitos anos de experiência e conhecimento jornalístico, ele vasculhou uma vasta quantidade de material sobre o Japão e o Brasil para escrever “Se um grão de arroz não morre: o 100º aniversário do assentamento de imigrantes japoneses no Registro do Brasil”. Região'' (Editora Mumeisha, publicou energicamente livros como ``Katsugumi'' (2014) e ``Katoshigumi Ibun - 70 Anos Após a Guerra dos Imigrantes Japoneses no Brasil'' (2017), e ao longo deste livro ele foca sobre o “porquê e o quê”. Isto levanta a questão de saber se os japoneses deixaram o Japão ou, por outras palavras, as “raízes” dos imigrantes japoneses.

Em resposta a essas questões, o autor descreve as raízes dos imigrantes japoneses no Brasil em termos do rio Amazonas, das “cabeceiras” (Capítulo 1) e dos “fluxos principais” (Capítulo 2 em diante), e, além disso, estes últimos como ``correntes subterrâneas (ocultas)'' e ``fluxos secundários''. Também iremos diversificar e discutir isso. Desde quando existem japoneses na América do Sul? Além disso, “por que” e “como” eles vieram para a América do Sul? ``Genryu'' remonta essas questões ao período Azuchi-Momoyama e destaca a existência de cristãos ocultos e daimyo cristãos naquela época, bem como a relação com o cristianismo, como a ordem de Toyotomi Hideyoshi para banir os Bateren.

A “corrente principal” do segundo capítulo ao capítulo final aborda temas inovadores que estão principalmente relacionados à imigração japonesa para o Brasil desde o período Meiji, mas são diferentes dos temas convencionais. Como o autor costuma mencionar, a razão pela qual os japoneses imigraram para o Brasil ocorreu no contexto da situação social de impasse do Japão na época, caracterizada pelo crescimento populacional e pela concomitante escassez de alimentos. De acordo com Hiroshi Sonoda, administrador do Departamento de Recuperação de Terras, “Dois terços do país são cobertos por montanhas, tornando-o impróprio tanto para habitação humana como para agricultura, por isso, quando se olha para um habitat adequado, a sua população era tão densa que poderia ser chamado de incomparável no mundo" ("Problemas Coloniais", Fukuoka Nichinichi Shimbun, 11 de maio de 1918).

Naquela época, o Japão não tinha perspectivas de novas terras cultivadas e, embora tivesse uma superpopulação e uma densidade populacional “sem paralelo no mundo”, como nação insular, não foi capaz de expandir seu território e ficou preso em todos os lados. Portanto, quer quiséssemos ou não, não tivemos escolha senão olhar para o exterior. Houve outros problemas económicos causados ​​por eventos como guerras e desastres naturais, mas além dessas teorias convencionais, o autor argumenta que “a área foi devastada como um campo de batalha feroz durante a Guerra Boshin e a rebelião samurai que se seguiu”. e “pessoas que estavam insatisfeitas com a Restauração Meiji, como o fluxo do Movimento pela Liberdade e pelos Direitos do Povo”, em outras palavras, pessoas que estavam insatisfeitas com a Era Meiji, que consistia em “regiões que se tornaram” rebeldes '' ou ``perdedores'' da Restauração Meiji.'' Especula-se que ele possa ter imigrado para o Brasil. Esta observação é digna de consideração, e mais pesquisas nessa direção são esperadas.

Além disso, a classe sujeita à perseguição social foi posicionada como um “ramo profundo da sociedade japonesa no período Meiji”, e passou a mencionar o “povo buraku”, que era considerado tabu, e “ Povo de Okinawa.'' A descrição detalhada dos imigrantes japoneses que vieram para o Brasil, como os “cristãos escondidos”, também chama a atenção. Em particular, o autor parece ter hesitado em escrever sobre questões sensíveis como as das pessoas nascidas em Buraku que são discriminadas, mas chega ao ponto de “saber que seria impossível fazê-lo”.

É somente através das decisões sábias do autor que podemos compreender as “partes essenciais” da história da imigração japonesa. Além disso, a cronologia abreviada no final do livro, que contrasta os acontecimentos no Japão e os acontecimentos no mundo, simplesmente resume o conteúdo discutido no texto principal e destaca a estreita interação entre a história japonesa e a história mundial (relações de imigração japonesa). Você pode sentir o entusiasmo do autor pelo que ele está tentando transmitir.

Neste livro, o autor, que atualmente é editor-chefe do Nikkei Shimbun, cita o ex-editor-chefe da empresa dizendo: "A imigração japonesa é um grande experimento etnológico. Estou interessado em saber como a imigração étnica os grupos mudam”, refletiu o autor, e concentrou-se particularmente na redação da seção de abertura, “Como o Grande Experimento começou”. O prefácio afirma que não aborda muito os “resultados experimentais”.

É verdade que há consistência na atitude e na consciência de explorar as raízes dos imigrantes japoneses, perguntando por que e que tipo de japoneses deixaram o Japão. Contudo, se eu tivesse que acrescentar, gostaria de acrescentar que se houvesse um pouco de explicação sobre o processo do grande experimento, isto é, o processo de “como as coisas mudam”, como disse o ex-editor -descreve o chefe, a compreensão dos imigrantes japoneses no Brasil melhoraria ainda mais.Acho que podemos ter feito progressos.

Por exemplo, a “questão anti-japonesa” ou a “questão da exclusão da imigração japonesa” seriam um bom exemplo. Isto pode ser chamado de “lado B” da história japonesa ou a “verdade nos bastidores” da história da imigração, e se manifestou na primeira metade do século XX nos Estados Unidos, Brasil, Peru e outros lugares para onde os imigrantes japoneses foram na época. No Brasil, um artigo no jornal brasileiro (Jornal do Brasil) datado de 30 de abril de 1912 foi escrito por Luis Gómez, que descreveu os japoneses como "uma raça amarela feia que é exatamente o oposto dos ideais do arianismo" e "inferiores ." Surgiram artigos criticando-os como uma "espécie" e "uma raça inassimilável".

Politicamente, em 1917, menos de 10 anos após a imigração, um legislador em ascensão, Mauricio Paiva de Lacerda, levantou questões sobre os termos do contrato para a construção de uma colónia japonesa. Mais tarde, em 1923, Fidelis Reis apresentou um projeto de lei para restringir a imigração, comumente conhecido como "Projeto de Lei do Reis", e embora tenha sido bem-sucedido na época, a revolução de 1930 levou Getúlio Vargas a se tornar presidente do governo provisório. Desde então, vários fatores levaram a tendências desfavoráveis ​​na imigração japonesa para o Brasil e, finalmente, em 1934, a “Lei de Restrição em Duas Partes da Imigração Estrangeira” foi aprovada e aplicada.

Conflitos como a questão antijaponesa geralmente surgem devido a algum tipo de relação causal. Em relação aos primeiros imigrantes japoneses, houve diferenças significativas não só em termos de língua, mas também de costumes e costumes. Embora os imigrantes japoneses fossem trabalhadores, também eram descritos como bárbaros e incivilizados, e é verdade que houve vozes do lado japonês, incluindo Miura Miura, para melhorar a qualidade dos seus próprios imigrantes. (Osaka Asahi Shimbun, Bakusai Immigration and the Key to Improving Qualities (Parte 1 e 2), 21 a 22 de junho de 1924) A fundação da atual comunidade japonesa de aproximadamente 1,9 milhão de pessoas no Brasil é importante notar que, embora haja foi um esforço constante dos nossos antecessores imigrantes japoneses que superaram dificuldades indescritíveis, nos bastidores havia também a questão anti-japonesa, um acontecimento que fez com que os japoneses quisessem desviar os olhos.

Neste livro, o autor cita “as atividades dos imigrantes japoneses e seus descendentes enquanto estiveram no Brasil” como uma “lacuna” na história da imigração japonesa para o Brasil, na continuidade do passado ao presente. Se for este o caso, o estudo do autor sobre “o início da grande experiência da imigração japonesa” fornecerá, sem dúvida, uma pista importante para preencher essa lacuna.

Contudo, para preencher esta lacuna, é necessário realizar um cuidadoso estudo histórico e examinar as atividades dos imigrantes japoneses e seus descendentes “enquanto estiveram no Brasil”. Este ponto será uma questão futura para pesquisas sobre a imigração japonesa no Brasil.

Infelizmente, apesar das palavras de Boshu, nenhuma referência foi listada. Além disso, acho que teria sido bom discutir um pouco a relação (história) entre imigrantes japoneses e estrangeiros no Brasil, embora este seja apenas meu interesse pessoal. No entanto, isso não diminui de forma alguma o valor deste livro.

De qualquer forma, não é fácil para um revisor revisar minuciosamente o amplo conteúdo que o autor discute neste livro. No entanto, ao olhar para a história da imigração japonesa de uma perspectiva não convencional, e conectá-la à questão dos trabalhadores estrangeiros, incluindo os nipo-brasileiros que trabalham hoje no Japão, ele questiona o estado da imigração. Ele também especula que se a história da imigração for inserida na história moderna do Japão, haverá uma mudança na “consciência insular” do povo japonês.

Em qualquer caso, espera-se que este livro sirva como um catalisador para o desenvolvimento acelerado da investigação sobre a história da imigração. Nesse sentido, o livro “Imigrantes e os Japoneses: Dos 110 anos de história da imigração para o Brasil” é uma excelente obra literária para quem se interessa pelo Brasil e vale a pena ser lido.

*Este artigo foi reimpresso de “ Nikkei Shimbun ” (2 de agosto de 2019).

© 2019 Kiyokatsu Tadokoro, Ryo Kubohira

Brasil Imin to Ninonjin (livro) Masayuki Fukasawa resenhas de livros revisões
About the Authors

Nasceu em 1948, na província de Kumamoto. Depois de se formar na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto, estudou no exterior por dois anos na Escola de Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense, no Brasil. Depois de retornar ao Japão, concluiu a pós-graduação na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto. Depois de trabalhar como pesquisador no Instituto de Pesquisa de Campo de Geografia Histórica (FHG) e assistente na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto, tornou-se professor na mesma universidade. Diretor do Centro de Pesquisas de Cultura Étnica Brasileira. Estudos regionais brasileiros baseados na etnogeografia. Autor de diversos livros sobre cultura e literatura brasileira.

(Atualizado em setembro de 2019)


Nasceu em 1991, na província de Hyogo. Depois de se formar na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto, concluiu a pós-graduação na Universidade de Osaka. Estudou no exterior na Universidade de Brasília (2013) e na Pós-Graduação da Universidade de São Paulo (2016). Depois disso, trabalhou como estudante de pesquisa na Escola de Pós-Graduação da Universidade de Osaka e atualmente é pesquisador-chefe do Centro de Pesquisa de Cultura Étnica Brasileira. Sua especialidade são estudos regionais do Brasil, incluindo pesquisas relacionadas à imigração baseada no racismo na história moderna.

(Atualizado em setembro de 2019)

Explore more stories! Learn more about Nikkei around the world by searching our vast archive. Explore the Journal
Estamos procurando histórias como a sua! Envie o seu artigo, ensaio, narrativa, ou poema para que sejam adicionados ao nosso arquivo contendo histórias nikkeis de todo o mundo. Mais informações
Novo Design do Site Venha dar uma olhada nas novas e empolgantes mudanças no Descubra Nikkei. Veja o que há de novo e o que estará disponível em breve! Mais informações