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A Era da Inovação: Nikkeis, Duto da Sabedoria -- Parte 2

>> Parte 1

2. Progride a diversificação na Sociedade Nikkei, dentro da globalização

Atualmente, vejo que se apresenta, no Japão, uma forte tendência a se rever a Sociedade Nikkei no Exterior, de um novo ponto de vista. Antes, quando se falava dos “Nikkeis”, imaginava-se imediatamente a “Emigração” e, a partir da década de 90, criou-se a imagem dos Nikkeis residentes no Japão, como pessoas que vieram ao Japão para trabalhar.

Neste ano, recebi 2 livros que relatam sobre a Sociedade Nikkei fora do Japão. Um é o livro intitulado “As Américas do Norte e Sul e o Japão na Era Mundial” e outro é “A Sociedade Nikkei das Américas do Norte e Sul”. Antes destes, no ano passado, foi publicado um livro intitulado “A Sociedade Nikkei e a Globalização” e, no ano 2002, foi publicado o livro “Enciclopédia dos descendentes de japoneses nas Américas”. Estes dois últimos livros são traduções dos livros “Encyclopedia of Japanese Descendents in the America (Enciclopédia dos Descendentes Japoneses nas Américas)” e “New Worlds, New Lives: Globalization and People of Japanese Descent in the Americas and from Latin America in Japan (Novo Mundo, Nova Vida: Globalização e os Descendentes Japoneses das Américas e desde América Latina ao Japão)”, que são resultados das pesquisas realizadas principalmente sobre os cientistas Nikkeis.

Ao ler estes livros, senti profundamente que os Nikkeis fora do Japão estão mais diversificados do que imaginava. A Sra. Harumi Befu, uma das autoras do livro “Novo Mundo, Nova Vida ”, escreve que os “Nikkeis” se classificam em 8 categorias, no mínimo, de acordo com a era e o lugar onde se instalaram. Não se refere somente aos que emigraram antes e depois da Guerra e aos descendentes que habitualmente uma pessoa imagina. Fala inclusive das pessoas e famílias que contraíram matrimônio internacional ou dos funcionários das empresas japonesas que ficaram no país após se aposentarem. A Sociedade Nikkei fora do Japão, ao calcular junto as 4ª, 5ª ou 6ª gerações, na forma vertical do “Eixo de Tempo”, é composta por pessoas que residem no Exterior devido a diversas razões e pelos filhos que aí nasceram. Ou seja, ao ver a “Face” que se expande em forma horizontal, sem dúvida, deve haver muito mais Nikkeis do que a cifra de 2.6 milhões, estimada por Ministério de Relações Exteriores do Japão. Ainda mais, não lhes parece que os Nikkeis continuam expandindo-se como “Face” e alterando-se no aspecto do “Caráter” ? No caso do povo Japonês continuar ver a Sociedade Nikkei fora do Japão somente a partir destes dois pontos de vista, como “Imigrantes” ou “Trabalhadores no Japão” – apesar destes 2 fatores serem importantíssimos fatores compostos – a meu ver, ocorrerá o perigo de criar-se um pensamento errôneo sobre a existência dos Nikkeis.

Os três autores do livro “Novo Mundo, Nova Vida ”, que podem estar aqui presentes, escrevem:

    “A identidade Nikkei não existe de forma isolada. A identidade Nikkei não existe isoladamente. Todos os Nikkeis possuem múltiplas identidades, que são fluidas e, às vezes, colocam-se em estado de renegociação, em maior situação nacional ou internacional ... o conceito de “Nikkei” é necessariamente caracterizado pela flexibilidade e pelas suaves fronteiras.” Na década dos anos 80 e 90 foram observadas as “identidades híbridas” dentre os Nikkeis e, devido à globalização, o aumento desta característica.

No século 21, na era da globalização, como Nikkeis, a identidade dos Nikkeis fora do Japão, fortalecerá ou irá diluir? Segundo o resultado dos estudos realizados por 18 pesquisadores de 7 países da América do Norte e do Sul, que participaram do Projeto de Pesquisa dos Nikkeis Internacionais, que serviu de base para a publicação do livro “Novo Mundo, Nova Vida ”, a resposta foi de 50% e 50%. “Aproximadamente metade dos estudiosos do INRP enfatizou as conjunções, enquanto a outra metade destacou a franca disjunção ou as situações que implicam em disjunção.”

Não estaria certo dizer que a atual Sociedade Nikkei fora do Japão possui as duas faces ? Os autores do livro “Novo Mundo, Nova Vida ” manifestam a importância da “Unificação entre as gerações” e da “Formação da comunidade”, como fatores para a reconstrução da identidade dos Nikkeis. Pode-se dizer que a apresentação do resumo sobre a resolução da 47ª Convenção do ano passado, feita anteriormente, acompanha a mesma linha.

Como fator de promoção da identidade dos Nikkeis, além da “União entre os grupos geracionais” e da “Formação da comunidade”, desejo adicionar a estes dois pontos, o tema da presente convenção, o “Duto da sabedoria”, que interliga o Japão e a Sociedade Nikkei.

3. A “Estratégia da Inovação” do Japão e a existência dos Nikkeis

Como todos os Senhores já sabem, em setembro de ano passado, foi estabelecido o governo Abe. O Ex-Primeiro Ministro Koizumi adotou a corajosa política de procurar demolir as estruturas antigas e as idéias antiqüadas, que não se adaptam a esta era da globalização. O tema do Ministro Abe, ao contrário, adotou a política de estruturar novos sistemas necessários e adaptáveis ao Século XXI.

Um deles é a “Estratégia de Inovação - 25” visando atingir a meta até o ano 2025.
Aos Senhores Nikkeis, é verdade que não terei a necessidade de explicar. Em Latim, há a palavra “innovare”, que significa “modificar (novare) o “interior (in)”. É traduzido ao Japonês como “Kaishin (Reforma)”, “Shin-kijiku (Inovação)”, “Shin-Ketsugo (Nova vinculação)”, etc.. É um vocábulo famoso, utilizado pelo economista americano de origem austríaca, Joseph A. Schumpeter, para explicar a modalidade de atuação dos empresários, que criaram a nova fase econômica no início do século anterior.

No Japão, acelera-se a redução demográfica e o aumento das pessoas de terceira idade. Por outro lado, a nível mundial, a socidade intelectual, a sociedade de rede e a globalização progridem de forma extraordinária. Porém, ao ver em escala maior, o planeta Terra está repleto de problemas, como o aumento demográfico, o aquecimento global, a alteração do clima, a deterioração do Meio Ambiente, a expansão do desequilíbrio entre o Sul e o Norte, etc.. A política do governo Abe é introduzir a “Inovação” como uma das medidas para transpor a situação de beco-sem-saída.

O Ministro Abe expressa-se na seguinte forma.

    A “Inovação” rumo à qual estamos trabalhando não é um conceito no senso limitado de uma mera “Melhoria tecnológica”, mas uma “Reforma/Renovação”, que inclui sistemas e instituições sociais de modo geral.

Pode-se ver o forte entusiasmo. Um mês após a organização do Gabinete do Governo, foi estabelecido o Conselho da “Estratégia de Inovação – 25”.

O presidente do Conselho da “Estratégia de Inovação – 25”, o professor catedrático Kiyoshi Kurokawa, do Instituto Nacional de Pós-Graduação em Estudos Políticos, no “Resumo intermediário da Inovação – 25”, publicado em fevereiro do presente ano, manifesta os seguintes pontos dos problemas da sociedade japonesa em fase de globalização.

    “Quando “a estrutura mental e social do sistema vertical” estiver enraizada e excessivamente consolidada, haverá incompatibilidade com os novos conceitos de valores da era da globalização, de onde provém “a relação humana plana”. Esta sobrepassa as fronteiras e pode apresentar o alto perigo de reagir de forma negativa. Numa estrutura social ou empresarial com sistema tradicionalmente vertical e que obedece a ordem etária, cuja “Flexibilidade horizontal é baixa”, cria-se uma cultura com a tendência de temer falhas e de esconder os fatos. Isto pode ser um fator de enfraquecimento do dinamismo da competição, por não haver decisões e responsabilidades firmes dentro das atividades empresariais e por faltar um ambiente aberto, de desenvolvimento através do aprendizado com os outros. Ou seja, a “Sociedade de sistema vertical” é destrutiva em relação à criatividade e reduz a possibilidade de inovação”.

Penso que os Senhores aqui presentes talvez tenham indicado ou manifestado que vêm mantendo esta idéia sobre o Japão.

O catedrático Kurokawa insiste em que a condição para desenvolver a inovação depende de “conseguir adaptar-se de forma apropriada à combinação diversificada, sem considerar as fronteiras e nacionalidades, e de relacionar-se com pessoal ou clientes de diversos recursos. Aumentar as oportunidades de manter relações diárias com pessoal de diversos recursos, habilidades e talento incomum, faz com que os jovens reconheçam as diversas culturas e capacidades, dirijam as idéias e a meta ao amplo mundo, aumentando a possibilidade de florescer várias habilidades ideais à era de globalização. Forma-se um indivíduo por indivíduo, nos recursos humanos. À medida em que aumentar o número de pessoas inovadoras, certamente serão formados um grande patrimônio humano e uma fonte de dinamismo para o Japão”.

Sem dúvida, os Nikkeis vem tendo, diariamente, experiências neste tipo de atividade.
Na Reunião de Estratégias, são levantados integralmente os temas de “Inovação na Ciência e na Tecnologia”, “Inovação nos Sistemas Sociais” e “Inovação nos Recursos Humanos”, como estratégia básica para promover a inovação.

Devido ao tempo limitado, em relação à “Inovação dos Recursos Humanos”, gostaria de “finalizar”, apresentando o conteúdo do tema a “Renovação na forma de pensar de cada povo”, planejado na Reunião de Estratégias:

    • Do “Princípio de organização” ao “Princípio de expressão da habilidade pessoal”
    • Da “Competência interna” à “Competência e harmonia com os países do mundo”
    • Do “Princípio de auto-abastecimento” ao “Princípio de liberação e trabalho em cooperação”
    • Da “Sociedade que não permite a falha” à “Sociedade que aproveita a falha”
    • Da “Cultura que cruza batendo a ponte (lentidão e do excesso de precaução)” à “Cultura que valoriza a velocidade (velocidade de decisão a novos desafios)”
    • Da “Reunião das pessoas com os mesmos concentos de valores” ao “Encontro com distintos indivíduos e aumento da oportunidade de integração”

Finalização

Os japoneses conseguirão mudar desta forma, em curto prazo ? Algumas pessoas podem duvidar. Eu, como professor universitário, que mantenho contato diário com os jovens, vejo esta questão como um tema de desafio extremamente difícil.

À parte do resultado, o importante é, a pessoa que planejou esta política começa a deliberar, aprofundando-a até estes pontos. Ademais, a meta está perto do tipo humano dos emigrantes e Nikkeis independentes, que veio construindo o seu lugar dentro de uma cultura e uma etnicidade diferentes da sua.

Como mencionei no início, dos Nikkeis fora do Japão, espero que estimulem a sociedade japonesa e a Sociedade Nikkei mutuamente, através do duto da etnicidade do Nikkei como “Japonês, Japonés, Japanese ”, com a “Sabedoria (wisdom )” cultivada no país de residência permanente. Penso que, em relação ao Japão, não é necessário que eu discorra longamente. Porém, penso que, como país “manufator”, uma forte característica do Japão, pode-se usar o mesmo duto para a interligação.

Para finalizar a minha palestra, gostaria de dizer que esta convenção realizada em São Paulo, localizada no lado oposto do Japão, inspira a possibilidade de construir este duto transmissor de “Sabedoria”.

Muito obrigado pela gentil atenção.

© 2007 Kotaro Horisaka

comunidades Convenções da Associação de Nikkeis Pan-Americanos COPANI 2007
Sobre esta série

Este é uma série de artigos e relatos sobre a Convenção Conjunta COPANI & KNT realizada entre 18 e 21 de julho de 2007 em São Paulo.

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About the Author

Kotaro Horisaka é professor da Universidade Sophia em Tóquio, onde faz parte do corpo docente do departamento de Estudos Estrangeiros, além de presidente do Instituto Iberoamericano. Ele é graduado pela Universidade Cristã Internacional. Ele é especialista em Estudos Latino-Americanos, particularmente economia política. Antes de se tornar professor na Universidade Sophia, Kotaro atuou como jornalista na Divisão de Ações do Nihon Keizai Shinbun ( Nikkei Shinbun ), assistente de pesquisa no Centro de Desenvolvimento Internacional do Japão, jornalista na Divisão de Indústria e na Divisão de Notícias Estrangeiras do Nikkei. Shinbun, e correspondente estrangeiro na América Central e do Sul por 4 anos, onde conduziu trabalho de campo e cobriu notícias em países da América Latina, especialmente no Brasil. Também analisou as tendências da integridade regional do continente americano, com foco no MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), nas indústrias e empresas da América Latina e na política e economia brasileira.

Atualizado em novembro de 2007

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