ディスカバー・ニッケイ

https://www.discovernikkei.org/ja/journal/2009/5/6/o-reverso-da-moeda-da-imigrao/

O reverso da moeda da imigração

Os Cem anos de Imigração Japonesa no Brasil celebrados no ano de 2008 não serviram só de motivo para o estreitamento de relações político-culturais entre os dois países, mas também para um olhar mais reflexivo sobre as questões da imigração entre os dois países.

Significou uma reflexão sobre o passado e as reais condições sob as quais os imigrantes vieram, uma re-descoberta dos valores nipônicos inseridos na nossa cultura e uma discussão sobre a identidade nipo-brasileira. Significou também uma atualização desta discussão com a recente imigração reversa de descendentes japoneses para o Japão, migração esta, por vezes, controversa.

Ao contrário da imigração do passado, cujas dificuldades se concentraram principalmente na adaptação e descoberta de uma cultura e de um país totalmente diferente e desconhecido e, sabe-se agora, propagandisticamente inventado, a imigração reversa não revela este desconhecimento, pois é o país de origem e sobre ele, os pais e avós já comentavam desde a infância com seus descendentes e, em muitas comunidades majoritariamente japonesas, os costumes nipônicos ainda eram e são mantidos.

No entanto, o Japão mudou (e muito) desde a época da imigração. O país se tornou a segunda potência mundial, a segunda maior economia do mundo e uma referência em tecnologia. Sendo assim, o "gap" entre os costumes trazidos pelos imigrantes e os novos costumes japoneses, principalmente depois do pós-guerra, aumentou. Quando os filhos e netos dos imigrantes voltaram ao Japão para trabalhar, a adaptação não foi das mais confortáveis e, mais do que isso, houve uma confusão de identidades. Embora no Brasil, os descendentes tenham a alcunha de "japa", ao voltarem para o Japão eles se tornam "brasileiros", "estrangeiros" em seu próprio país de origem. Os japoneses não entendiam o jeito de ser dos brasileiros e vice-versa e, por causa disso, vários problemas de adaptação e de relações interpessoais entre brasileiros e japoneses passaram a ocorrer.
Mas, independentemente disso, havia emprego para ambos e as diferenças aconteciam no campo cultural. O salário das fábricas japonesas (onde a maioria dos brasileiros ia se empregar, pois uma grande parte não falava japonês fluentemente) era muito mais alto do que os salários pagos no Brasil para pessoas com baixo nível de escolaridade, ou até mesmo para pessoas formadas, mas que não encontravam emprego. O Japão era uma opção bastante atraente, pois o país oferecia bons salários, segurança e um nível de desenvolvimento que o Brasil ainda não tinha alcançado.

O Japão é de fato um país muito prático para se viver, no entanto, o custo de vida é muito alto. Morar no país é muito caro, por isso os salários são também altos para fazer frente a estes gastos. Mesmo o que é público deve ser pago, a custos menores do que a iniciativa privada, mas tudo tem um custo. Ao contrário do Brasil, onde público é sinônimo de gratuito. Mas com o emprego garantido, mesmo com as diferenças culturais e sociais, ainda valia a pena trabalhar e viver no Japão.

Contudo, a crise mundial que se abateu sobre o globo em fins de 2008, o consumo caiu abruptamente e as empresas foram forçadas a demitir funcionários, como a maioria dos brasileiros trabalhava em fábricas, principalmente as de automóveis (as mais atingidas pela crise), a demissão em massa foi inevitável. Como citado anteriormente, o custo de vida no Japão é muito alto, sem emprego torna-se impossível ter uma vida digna por lá. Por esse motivo, muitos brasileiros resolveram voltar para casa e talvez esperar para voltar quando a crise acabar.

No entanto, existem aqueles que não tinham recursos em caixa para uma viagem inesperada de volta ou já estão há tanto tempo no Japão a ponto de considerar que não se adaptariam mais no Brasil. Possuem filhos que não falam português e, eles próprios já não o compreendem mais. Excetuando-se também o fato de que estão fora do mercado brasileiro há tanto tempo que arrumar um emprego com o nível de salário recebido tornou-se impossível.

A atual situação dos brasileiros dekasseguis no Japão é grave. Muitas pessoas perderam o emprego e, como não tinham reservas para voltar, ou mesmo porque não querem deixar o Japão, estão dormindo nas estações de trem ou na rua e pedindo dinheiro a outros brasileiros. As associações de brasileiros estão distribuindo cestas básicas e muitas pessoas que perderam as suas casas por falta de dinheiro, estão dormindo na casa de parentes e amigos.

As filas de empregos começam às 6 da manhã e os empregos oferecidos são os que pagam menos e por isso não são suficientes para continuar vivendo no país e nem o suficiente para voltar. Os custos da volta ao Brasil são altos. Normalmente são famílias inteiras com casas montadas que têm que voltar com tudo e aos custos das empresas de mudanças somam-se os da passagem de avião.

Muitos pais estão tirando as crianças tanto da escola japonesa quanto da escola brasileira e, as crianças estão sem estudar e sem perspectiva de futuro e de identidade. Por conta disso, muitas escolas brasileiras estão ameaçadas de fechar pela diminuição de alunos, bem como vários empreendimentos mantidos por brasileiros para brasileiros. Sendo assim, as próprias autoridades japonesas que, por causa do aumento do número de brasileiros, tinham vários projetos ligados à língua portuguesa e ao Brasil, começam a repensá-los já que, em breve, pode não haver quem os desfrute.

No curto prazo, o governo brasileiro deveria apoiar estas pessoas, enviando uma aeronave fretada para buscar quem quisesse voltar, ou então ambos os governos poderiam de alguma forma subsidiar ou financiar passagens para quem quisesse voltar. Do lado do governo japonês, há o oferecimento de treinamento para qualificar os brasileiros que não sabem japonês e até mesmo, ampliar o leque de opções para a inserção no mercado de trabalho. No entanto, o governo japonês enfrenta problemas de desemprego também entre os seus, por isso as opções de apoio a estrangeiros ficam limitadas. Cabe ao governo brasileiro a missão de zelar pelo bem-estar dos cidadãos, mesmo que em terras estrangeiras. Sem ajuda externa, seja de um governo ou de outro, a situação dos brasileiros fica cada dia pior.

© 2009 Janete da Silva Oliveira

執筆者について

Janete da Silva Oliveira は、リオデジャネイロ州立大学 [UERJ] でソーシャル コミュニケーションの学位 (1994 年) を取得し、同大学でコミュニケーションの修士号 (2004 年) を取得しています。彼女は、浜松市立短期大学(日本の静岡県)でブラジル人の子供たちにポルトガル語を教えるための国際クラスを創設するプロジェクトに参加し、現在、リオデジャネイロ州立大学(UERJ)のポルトガル語/日本語コースの大学院生です。 )。

2009 年 5 月に更新

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