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Um Olhar sobre o ‘Movimento Dekassegui’ de Brasileiros ao Japão no Balanço do Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil - Parte 5

>> Parte 4

Vida no Japão - 2

As questões sociais, laborais, familiares, escolares aparecem sempre entrelaçadas e são aspectos que têm emergido como uma das importantes preocupações que está sendo colocada em pauta. A situação laboral dos brasileiros no Japão é de que a forma de contratação laboral – a temporária – tem como conseqüência uma vida financeira e social instável: desigualdade de gênero no trabalho (as mulheres ganham menos que os homens mesmo executando as mesmas tarefas); constante troca de turno de trabalho (diurno e noturno); falta de acesso às folgas e férias remuneradas; mudanças repentinas do local de trabalho devido a fechamentos de linhas inteiras de montagem, por exemplo; falta de acesso ao sistema de seguridade social japonês, etc.. Toda essa situação, por sua vez, repercute na esfera doméstica e familiar causando a ausência dos pais na participação na vida cotidiana, principalmente na idade escolar dos filhos, muitas vezes provocando desmembramento familiar, com pais e filhos vivendo em locais distantes.

Além disso, o isolamento dos adultos em relação à sociedade japonesa tem sido um fator de atrito quando a criança se adapta melhor à sociedade japonesa. Isso leva à baixa autoestima e situação emocional instável do adulto afetado pelas dificuldades na compreensão do idioma e perda da autonomia, distanciamento da rede de suporte social e emocional à qual estava habituado, condições precárias de trabalho, distanciamento dos familiares e parentes. Diante disso, muitas vezes, os jovens ficam muitas horas sozinhos em casa por causa da grande carga horário de trabalho dos pais.

Tudo isso aumenta a vulnerabilidade dos jovens, não só na esfera social, individual, psicológica e emocional, mas também na da saúde, expondo-os a doenças como HIV/Aids/DST. Diante disso, há uma necessidade de acordos na área de saúde, no sentido de implantar um programa de orientação em saúde sexual e prevenção de HIV/DST (Iwaki 2008) e outros assuntos como tabagismo, alcoolismo, uso de drogas etc., dentro do contexto migratório.

Além disso, na área de saúde também há a necessidade de intérpretes bilíngues (Português-Japonês) em hospitais; treinamento e intercâmbio de médicos entre os dois países envolvidos; realização de exames médicos gratuitos em escolas brasileiras e atendimento aos estrangeiros; depressão, distúrbios emocionais, psicológicas, doenças mentais e psiquiátricas; questão do seguro-saúde (kenkō hoken) são as mais mencionadas (D. Nakagawa 2008).

Entre 2000 e 2004, podemos notar uma contínua diversificação das atividades da comunidade brasileira no Japão. Os trabalhadores nikkeijins e sua família que vêm se estabelecendo no Japão tem mostrado mudanças em seus planos de vida, à medida que vieram a ser residentes permanentes. Ao mesmo tempo, podemos observar uma leve redução dos descendentes que estão sob as categorias de status de permanência no Japão de “cônjuge ou filhos de japonês/a” e “Cônjuges ou filhos de permanentes”. Em outras palavras, nos primeiros anos do terceiro milênio, os brasileiros residentes com caráter permanente têm aumentado em cerca de 10 mil a cada ano, chegando em 2007, com 94.358 brasileiros residentes permanentes no Japão.

Nesse período, na economia japonesa havia uma flutuação da produção à qual os trabalhadores estrangeiros estavam sujeitos, além da grande mobilidade entre um emprego e outro e consequentemente, uma grande mobilidade de fábricas e de cidades; ser uma mão-de-obra mais barata; junto com a dificuldade de contratação de empregados japoneses. De um certo modo, a instabilidade ocupacional que marca a vida de inúmeros trabalhadores estrangeiros, como de muitos brasileiros no Japão, deve estar relacionada com o aumento da criminalidade de brasileiros no Japão. Isso, por sua vez, está relacionado à questão da educação dos jovens brasileiros – seja no Brasil, seja no Japão. A questão da língua que desde sempre se constituiu um grande obstáculo para uma melhor compreensão e convivência mútua. Nota-se também uma diminuição no nível de escolaridade dos imigrantes recém-chegados em relação aos primeiros imigrantes brasileiros que foram ao Japão.

Parte 6 >>

© 2010 Elisa Massae Sasaki

Brazil dekasegi foreign workers Nikkei in Japan
About the Author

Elisa Massae Sasaki has a PhD in Social Sciences from the State University of Campinas (UNICAMP) and is currently a Visiting Professor in the Japanese Sector of the Department. of Classical and Oriental Letters, from the Institute of Letters of the State University of Rio de Janeiro (UERJ). Doctoral Thesis entitled: “To be or not to be Japanese? The construction of the identity of Brazilians of Japanese descent in the context of international migration from contemporary Japan” (2009).

Updated March 2010


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