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"Passando Adiante"

Eu me lembro do dia quando quase toda a família se reuniu na livraria East Wind perto da UCLA. É muito raro juntar todo o clã Kochiyama de Nova York, Oakland, e Los Angeles ao mesmo tempo, mas nós tínhamos que estar lá para o lançamento do livro da vovó, “Passing it On-A Memoir (Passando Adiante-Um Livro de Memórias)”.

Eu acho que tinha 12 anos quando o livro foi lançado. Eu ainda não sabia muito a respeito da vovó naquela época, mas achei muito legal que a minha avó tinha escrito e publicado o seu próprio livro. No seu discurso, ela dedicou o livro a todos os seus netos! Eu me senti honrada, mas bastante surpresa. Até então, eu havia sempre me sentido meio distante daquele lado da minha avó e da minha família. Eu não sei se alguém gravou o discurso dela, mas eu lamento dizer que não me lembro exatamente do que ela disse. Mas acredito que as coisas principais que ela queria expressar através do seu livro eram suas histórias e as lições que havia aprendido no percurso da sua vida e os valores éticos que se mantiveram constantes. No final do discurso, ela chamou todos os netos e cada um de nós recebeu uma cópia do livro com uma notinha no lado de dentro da capa.

Depois da cerimônia, quando todos os primos se reuniram, eu lembro que nós ficamos olhando uns para o outros como se soubéssemos que o que tinha acontecido era algo muito importante. A nossa avó havia passado o seu legado para a gente. Foi uma sensação incrível, mas ao mesmo tempo pela primeira vez eu senti uma coisa diferente: pressão. Será que todo mundo vai esperar que a gente vire oradores e ativistas pelos direitos humanos? Como vamos conseguir viver à altura das façanhas da nossa avó? E se quisermos fazer algo totalmente diferente? Estas foram algumas das perguntas que me vieram à cabeça. Apesar de ter sido algo estupefante naquela ocasião, foi aí que eu comecei a refletir sobre o meu lugar no mundo e minhas razões para fazer o que faço. Sem dúvida, aquele foi um momento decisivo na minha vida.

Ao ler o seu livro, a história da minha família se materializou diante dos meus olhos. As histórias que eu conhecia superficialmente se tornaram reais, quase tangíveis. O fato dela ter crescido como uma garota “tipicamente americana”, vivendo uma vida tranquila na cidade de San Pedro, fez com que suas conquistas parecessem mais atingíveis. Eu então comecei a pensar: “Olha só, talvez eu possa fazer uma diferença no mundo...”