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Anthony Aoki, promessa do futebol peruano

Tadashi foi capitão da seleção peruana de futebol, categoria sub 17. (Foto: ©Federação Peruana de Futebol).

Se o futebol é o recanto do otimismo dos peruanos, a seleção é a sua expressão máxima. Neste cenário entusiasmante, todo jovem jogador de futebol conhece uma palavra misteriosa: promessa. Anthony Tadashi Aoki Nakama tem 17 anos e foi capitão da seleção sub-17 que disputou a Sul-Americana este ano, um jovem que viu sua vida mudar por causa do esporte que move as massas e no qual espera forjar uma profissão.

Tadashi, que disputou o campeonato interno da AELU defendendo as cores do Carper, recebeu uma oferta do Sporting Cristal em 2015, quando o chefe da Unidade Técnica do clube Rimese, Telmo de Andrés, veio à AELU perguntando por ele. Foi assim que chegou a um dos clubes peruanos mais importantes das categorias menores. Naquela época, ele já tinha experiência como seleção.


CAPITÃO NIKEI

Sua primeira convocação para a seleção nacional foi para a categoria sub 13, com Juan José Oré. Em seguida, ingressou na seleção sub 15 com outro jogador nikkei, Mauricio Matzuda Gusukuda, com quem ingressou na seleção sub 17. Foi Daniel Ahmed quem valorizou suas qualidades como meio-campista central e o escolheu como capitão, experiência que já tinha no AELU. “Éramos cinco dos sub 15 que éramos como os líderes e escolheram-me porque tive mais tempo no grupo e porque gosto de conversar em campo”, confessa.

Jogar pelo Peru envolveu prazeres e sacrifícios, principalmente nas viagens. “Como perdi muitas aulas por causa dos amistosos, saí da La Unión (escola), agora estudo remotamente no Colégio Naval”, diz Tadashi, que acredita que o nível do Peru nas categorias menores está no mesmo nível do demais países da região, com exceção do Brasil. “Eles são mais altos, são muito rápidos e técnicos”, diz, como viu no Sul-Americano deste ano, em que os brasileiros foram campeões.

“Havia muita expectativa porque havíamos vencido nossos amistosos (contra Bolívia e Chile), mas o Brasil nos surpreendeu porque nunca havíamos jogado contra eles e muito menos com estádio lotado.” No mesmo torneio, o Peru perdeu para Argentina, Venezuela e Paraguai, sendo eliminado. Mas os desafios continuam e o próximo é o Sub 18 Bolivariano no final do ano.

A ERA DO FUTEBOL

Anthony Tadashi Aoki Nakama deixa claro que seu maior sonho é se tornar um jogador de futebol profissional com o apoio de sua família. (Foto: ©APJ/José Vidal)

Os anos no futebol são muito diferentes dos da realidade. Aos 17 anos, Tadashi Aoki já não é tão jovem num ambiente em que muitos adolescentes de outros países já firmaram acordos para jogar na Europa e finalizar a formação física e esportiva. No entanto, também não tem idade para jogar pelos seniores do Sporting Cristal, embora por vezes treine na equipa principal, ao lado de jogadores que admira como Carlos Lobatón.

“O conjunto de minutos conta a partir da categoria de 1996 e estou na categoria de 2000, então há outros jogadores que têm mais oportunidades de jogar”, diz Tadashi, embora não desanime porque com o técnico José 'Chemo' del Solar sente que há possibilidades de continuar crescendo (atualmente são dois meninos da categoria de 1999 que já compõem o elenco profissional). Outro fator é o bom tratamento que recebe no clube, que lhe confere remuneração além de outros benefícios.

“Há alojamento para as crianças que vêm das províncias, dão-nos bónus e incentivos. Na seleção também cuidam muito bem de nós, na alimentação e no descanso. Lá também tive a oportunidade de treinar com os mais velhos. Jogar no Cristal é especial porque todo mundo quer ser profissional”, diz Tadashi, que, embora não saiba se continuará os estudos de qualquer natureza, deixa claro que seu maior sonho é o mesmo dos companheiros: se tornar jogador de futebol profissional com o apoio da família.


SONHOS MAIORES

O jovem meio-campista quer ser como Xavi e Iniesta, que admira no futebol mundial. (Foto: ©APJ/José Vidal)

No torneio Centenário, disputado por todas as equipas da primeira divisão das categorias menores, o Sporting Cristal tem desempenhado um bom papel. Estrearam vencendo o Alianza Lima por 5 a 1 e Tadashi entrou em campo como capitão, distinção que já lhe é familiar. Ele sabe que se quiser jogar pelo time reserva do time azul claro, e depois pelo time titular, se destacar neste torneio é a melhor forma de consegui-lo.

Ele também sabe que os grandes jogadores que admira no futebol mundial, como Andrés Iniesta e Xavi Hernández que jogam em posição semelhante à que escolheu, levaram este esporte a sério desde muito jovens. “Não basta ter competências, é preciso se esforçar e fazer a sua parte para melhorá-las a cada dia”, disse ele em uma de suas últimas entrevistas.

A atenção que Tadashi recebe, tanto da mídia esportiva quanto da imprensa Nikkei, é semelhante à popularidade que ele ainda tem na AELU, onde seus ex-colegas e companheiros de equipe o cumprimentam ao vê-lo chegar. Sua altura de 1,78 m o torna um tanto perceptível, mas mais ainda é sua identificação com o clube e com a camisa da seleção, o que faz com que todos tenham sempre uma voz de incentivo para ele.

OPINIÕES: “ANTHONY TEM MUITA PROJEÇÃO

“Tive o Anthony nas seleções sub 15 e sub 17 e por causa do esforço nas partidas internacionais ele ficou. Ganhou espaço porque lê bem os jogos, tem um bom passe longo e nas entrelinhas. Na posição que você ocupa, você tem que ter uma boa reação, ser agressivo, no bom sentido da palavra, e ter muita experiência. Anthony sabe cobrir essa posição e acho que ele tem muita projeção. Dependerá dele se poderá estrear na equipe titular, aliás já o convidamos para a pré-seleção sub 18 pela liderança e seriedade. “Ele é um menino realizado e responsável.” (Juan José Oré, diretor técnico da seleção sub 17)

“Anthony Aoki tem muitas qualidades, há uma razão para ser considerado capitão da seleção nacional e do Sporting Cristal, um dos clubes que investe nos menores. Tem um bom trabalho em campo, qualidades técnicas e visão do panorama de jogo. Acho que ele é um jogador regular em qualquer time juvenil porque tem experiência e muita confiança, não é um jogador que acabou de aparecer, está passando por fases na sua formação e acho que se ele estiver bem orientado, ele pode ser uma promessa.” (Javier Padilla, jornalista esportivo, fundador da revista de futebol juvenil Toque &Gol)

* Este artigo foi publicado graças ao acordo entre a Associação Japonesa Peruana (APJ) e o Projeto Descubra Nikkei. Artigo publicado originalmente na revista Kaikan nº 110 e adaptado para o Descubra Nikkei.

© 2017 Texto y fotos: Asociación Peruano Japonesa

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About the Authors

Javier García Wong-Kit é jornalista, professor e diretor da revista Otros Tiempos. Autor de Tentaciones narrativas (Redactum, 2014) e De mis cuarenta (ebook, 2021), ele escreve para a Kaikan, a revista da Associação Peruana Japonesa.

Atualizado em abril de 2022


A Associação Peruano Japonesa (APJ) é uma organização sem fins lucrativos que reúne e representa os cidadãos japoneses residentes no Peru e seus descendentes, como também as suas instituições.

Atualizado em maio de 2009

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