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O ensino atual da língua japonesa no Brasil

No Brasil, existem cerca de 20 mil estudantes da língua japonesa (foto: Tatiana Maebuchi)

O Brasil possui a maior comunidade de descendentes fora do Japão. Hoje existem cerca de 1 milhão e 600 mil descendentes de japoneses, com maior concentração nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará. Em termos de ensino da língua japonesa, iniciado com os imigrantes, são mais de 300 escolas e cerca de 20 mil estudantes no país.


O ensino no Brasil: cultura, identidade e valores

Segundo dados de pesquisa realizada em 2012 pela Fundação Japão – organização vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Japão –, há 325 escolas de língua japonesa no território brasileiro, inclusive instituições de ensino superior. Grande parte está em São Paulo e no Paraná, onde vive a maioria dos nipo-brasileiros.

Além disso, 106 escolas são associadas ao Centro Brasileiro de Língua Japonesa (CBLJ), uma entidade sem fins lucrativos que tem entre os objetivos contribuir para a formação de professores e alunos, e difundir a língua japonesa. O CBLJ estima que aproximadamente mil professores ensinam o idioma japonês, entre os quais 85% são nikkeis.

Fora do Japão, 3,98 milhões de pessoas estudam a língua japonesa, ainda de acordo com informações de 2012 da Fundação Japão. No Brasil, o total é de 19.913 alunos. Já segundo o CBLJ, os descendentes são a maioria, no entanto, recentemente nota-se o aumento do número de brasileiros não nikkeis que aprendem o idioma, interessados na cultura japonesa, tendo contato principalmente pelo manga (história em quadrinhos no estilo japonês) ou outras formas de arte e cultura. Na maior parte das escolas predominam os estudantes nikkeis, porém, algumas contam com 20, 30, 50 ou até 100% de alunos não descendentes, principalmente no nordeste brasileiro.

A proporção de estudantes em relação à população total de nikkeis é muito baixa. Isto significa, indiretamente, que milhares de nipo-brasileiros de terceira, quarta e quinta geração infelizmente não estão estudando a língua japonesa e, portanto, não têm contato com a língua materna de seus avós, bisavós e tataravós.

Para Yuho Morokawa, escritor e diretor vice-presidente do CBLJ, o resultado disso é a perda gradual da identidade – e a imagem positiva difundida na sociedade brasileira pelos primeiros imigrantes –, principalmente com a rápida miscigenação observada no país. Além disso, vão se perdendo valores como honestidade, dedicação e esforço (no trabalho e estudo), respeito à natureza, cooperação, perseverança, responsabilidade, entre outros.  Mas aqueles que estudam a língua japonesa ainda assimilam e conservam – em parte – o legado de seus ascendentes.


Certificação para não nativos

O Noryoku Shiken (Japanese-Language Proficency Test – JLPT) é administrado pela Fundação Japão em parceria com o Centro Brasileiro de Língua Japonesa. A divulgação e inscrição têm início entre julho e agosto, e o exame é realizado no início de dezembro.

Em 2014, o teste foi aplicado em 213 cidades em 66 países fora do Japão, totalizando 449.464 participantes – sendo cerca de 4 mil estudantes de língua japonesa de todo o Brasil, segundo dados do CBLJ. O JLPT avalia e certifica a proficiência do idioma japonês para não nativos. A atual classificação de nível foi implementada em 2010, com a inclusão do N3, e hoje se divide do N1 ao N5 (mais avançado e mais básico).

Para se ter uma ideia, a certificação do Noryoku Shiken é referência não só no Japão, mas no Brasil também. No caso do Japão, o nível N1 é requisito para ingresso em cursos de algumas universidades. Também se exige o certificado deste mesmo nível de um estrangeiro que é profissional da área de saúde e tem o objetivo de trabalhar no país. Já no Brasil, há algumas empresas japonesas que podem exigir o certificado como comprovação do nível de japonês dos candidatos que desejam concorrer a uma vaga de trabalho.


A importância da língua japonesa

É verdade que o ensino da língua japonesa é fundamental para se preservar a cultura, os valores e a identidade. Por isso, é importante também na formação do indivíduo como bom cidadão.

Além disso, o idioma é essencial no intercâmbio cultural e econômico entre o Brasil e o Japão que deve crescer muito mais com o avanço de novas tecnologias de comunicação e informação, segundo Yuho Morokawa, diretor vice-presidente do Centro Brasileiro de Língua Japonesa.

O escritor observa uma premissa que vale para o idioma e a história de qualquer país. Morokawa diz que, segundo estudiosos, existem seis grandes civilizações milenares no mundo, entre as quais a japonesa é a mais peculiar, por sua formação, criada ao longo de milhares de anos, isolados do resto do mundo.

Para se conhecer ou entender cada civilização é de suma importância conhecer seu idioma para poder assimilar sua cultura e verdadeiros sentimentos. Neste caso, é imprescindível conhecer a língua japonesa, principalmente a escrita de kanji (ideograma) que na própria letra existem diversos significados e, por isso, algumas vezes se torna complicado de ser interpretado na língua portuguesa.

Portanto, aprender a língua japonesa é um passo importante para compreendermos melhor a cultura e a história do país de origem de nossas famílias.

 

© 2016 Tatiana Maebuchi

Brasil Japonês línguas
About the Author

Nascida na cidade de São Paulo, é brasileira descendente de japoneses de terceira geração por parte de mãe e de quarta geração por parte de pai. É jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e blogueira de viagens. Trabalhou em redação de revistas, sites e assessoria de imprensa. Fez parte da equipe de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), contribuindo para a divulgação da cultura japonesa.

Atualizado em julho de 2015

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