Os heróis vêm em todas as formas e tamanhos. Eles são encontrados em nossas comunidades locais, escolas e locais de trabalho. E por vezes as suas histórias chegam ao noticiário das seis, enquanto outras permanecem sob um manto de anonimato e segredo, ocultadas do conhecimento público.
A história de Roy Matsumoto ficou escondida sob esse cobertor durante 50 anos, conforme ordenado pelo governo dos EUA. Agora, as missões secretas de Roy como soldado da Segunda Guerra Mundial e linguista no Serviço de Inteligência Militar (MIS) do Exército dos EUA são reveladas em um filme apropriadamente intitulado Honra e Sacrifício .
O filme, produzido por uma equipe formada por Don Sellers e Lucy Ostrander, narra com maestria as narrativas de três gerações da família Matsumoto. Inicialmente um filme de 17 minutos focado em Roy e suas façanhas militares, acabou evoluindo para um filme de 28 minutos para incluir a história de sua família. O que parecia ser uma estrutura simples e linear para a vida militar de Roy logo revelou uma vida que era tudo menos isso.
“Começamos a entender que esta era uma história poderosa e complexa de uma família japonesa dividida pela Segunda Guerra Mundial”, disse Ostrander. “A família Matsumoto tinha dois filhos servindo nas forças armadas dos EUA e três servindo no exército japonês, enquanto os pais e as filhas viviam em Hiroshima.”
A dupla de cineastas, que se conheceu na Universidade de Stanford como estudantes de pós-graduação do programa de Cinema Documentário, ouviu falar da história de Roy pela primeira vez através de sua filha, Karen Matsumoto. Eles já haviam trabalhado juntos em projetos sobre a experiência nipo-americana, incluindo um sobre os nipo-americanos na Ilha de Bainbridge. “Karen escreveu uma proposta de financiamento bem-sucedida para o Programa de Educação Pública pelas Liberdades Civis da Califórnia”, disse Ostrander, “e lançamos uma campanha Kickstarter onde conseguimos arrecadar fundos de produção para começar a trabalhar em nosso filme Honra e Sacrifício”.
Roy nasceu na Califórnia em 1º de maio de 1913. Como muitos dos primeiros imigrantes Issei, seu pai e sua mãe eram meeiros. Seu sustento exigia um código de trabalho “todos envolvidos”, incluindo as crianças. Como esperado deles, Roy, seus quatro irmãos e duas irmãs frequentavam a escola, realizavam tarefas domésticas e ajudavam na fazenda.
Não era incomum naquela época enviar crianças nisseis, geralmente o filho mais velho, para sua terra natal ancestral para receber educação formal. Muitos pais isseis desejavam que seus filhos não apenas recebessem uma educação japonesa, mas também fossem doutrinados pela sociedade e cultura japonesas. Depois de algum tempo, esses nisseis retornaram aos EUA bem versados em japonês e foram reassimilados no país onde nasceram. Como resultado, um novo subconjunto de Nisei foi formado – os Kibei. Os conflitos de lealdade e pertencimento entre o Japão e os Estados Unidos certamente começaram a surgir. Tal é o paradigma do imigrante.
Roy era um Kibei. Em 1921, seus pais enviaram ele e seu irmão Takeshi para o Japão, perto de Hiroshima. Depois de passar quase uma década no Japão, Roy retornou aos EUA e se formou na Long Beach Polytechnic High School em 1933. Durante esses anos, Roy trabalhou em uma mercearia japonesa em Los Angeles. Ao entregar mantimentos, Roy aprendeu vários dialetos ao interagir com os clientes que vinham de todo o Japão. Esse conhecimento seria útil para Roy de maneiras inesperadas.
Pearl Harbor foi atacado na manhã de 7 de dezembro de 1941. Cerca de dois meses e meio depois, o presidente Roosevelt assinou a Ordem Executiva 9.066, autorizando os militares a remover 120.000 japoneses e nipo-americanos de suas casas. O Jerome War Relocation Center, em Arkansas, tornou-se o novo lar de Roy.
Com a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial e a dificuldade de provar lealdade aos Estados Unidos, surgiram oportunidades para os homens nipo-americanos saírem dos arames farpados e ingressarem no serviço militar. Roy acabou servindo no MIS do Exército dos EUA.
Roy, escolhido a dedo como um dos 14 linguistas nisseis, juntou-se a uma unidade especial de guerrilha para reabrir a Estrada da Birmânia e garantir uma rota de abastecimento para a China. Esta unidade tornou-se popularmente conhecida como Merrill's Marauders, em homenagem ao Brigadeiro General Frank Merrill. Como “olhos e ouvidos” do Exército dos Estados Unidos, este grupo de homens nisseis revelou-se fundamental na luta contra o Japão. Eles traduziram documentos inimigos, planos de batalha, interceptaram comunicações inimigas e até interrogaram prisioneiros de guerra japoneses. Eram as “armas secretas” da América e indispensáveis na guerra contra o Japão.
Depois de passar 20 anos como linguista e especialista em Inteligência Militar, o Sargento Roy Hiroshi Matsumoto aposentou-se da carreira militar em 1963. Foi uma carreira repleta de inúmeras honras militares, uma das quais foi a Medalha de Ouro do Congresso.
Roy, herói de guerra e bravo soldado dos famosos Merrill's Marauders, faleceu em 21 de abril de 2014 aos 100 anos de idade. Para a alegria de Ostrander, Sellers e Karen Matsumoto, Roy viu Honor & Sacrifice antes de sua morte.
Embora o filme capture a jornada de Roy e sua família durante os tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial, ele realmente consegue ampliar as perspectivas da experiência do imigrante. “Muitas vezes descobrimos segredos ao fazer filmes, mas as revelações deste documentário nos surpreenderam”, compartilhou Ostrander. “A sua jornada é uma personificação da experiência do imigrante, revelando em última análise a força extraordinária que a América ganha com a sua diversidade.”
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Saiba mais sobre o filme em www.honordoc.com.
Junte-se a nós para uma exibição gratuita de Honra e Sacrifício no sábado, 9 de maio de 2015, às 14h, no Museu Nacional Japonês Americano. A exibição será seguida por um painel de discussão com Karen Matsumoto e os cineastas Lucy Ostrander e Don Sellers.
© 2015 Japanese American National Museum
