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Entidades Nikkeis: ABEUNI

Comemoração dos 30 anos da entidade.

Entre as entidades jovens criadas pela iniciativa de nipo-descendentes, uma das mais sólidas é a ABEUNI (Aliança Beneficente Universitária de São Paulo). Em 2014, completou 30 anos de atuação.

"Nossa missão é melhorar a qualidade de vida da população por meio de um atendimento humanizado, promovendo saúde, educação e cidadania em conjunto com o desenvolvimento pessoal e social dos voluntários", explica Cecilia Ikedo, sansei, analista de dados, atual presidente.

A entidade surgiu a partir da ABENIBRA (Associação Beneficente Nipo-Brasileira), formada por médicos e profissionais da área de saúde que assistiam imigrantes japoneses que não dispunham de acesso a hospitais ou tinham dificuldades de comunicação na língua portuguesa.

Entre os departamentos da ABENIBRA, havia um formado apenas por universitários, que, gradativamente, manifestaram a vontade de ampliar o atendimento para a população carente em geral.

Em 1984, esse departamento decidiu se desvincular e formar uma nova entidade, a ABEUNI. "Por essa origem, ainda hoje temos como maioria dos membros descendentes de japoneses", conta Cecilia. Os membros são estudantes universitários e profissionais de diversas áreas de atuação, com idade entre 17 e 30 anos.

"Acredito que essas entidades [nikkeis] têm importância não só no sentido social, mas também na questão de preservar e disseminar a cultura japonesa", diz Cecilia.

Celso Takahashi, sansei, fisioterapeuta e membro desde 2004, completa: "Essas entidades aproximam as pessoas que têm ideais, ideias e objetivos semelhantes. Se no passado ajudou a socializar as famílias japonesas e elas acabaram se fortalecendo; hoje em dia são portas abertas para uma socialização que envolve não só a comunidade nikkei, mas outras pessoas interessadas na cultura. Se essas entidades nikkeis acabarem, não teremos mais uma influência forte e organizada da cultura japonesa, e seus pontos positivos, que a sociedade brasileira poderia aproveitar, serão desperdiçados".

Novos membros

O principal meio de captação de novos membros é o "boca a boca", em que um membro convida amigos para participar e assim por diante. Naturalmente, a participação de nikkeis ainda é grande, apesar de a divulgação da entidade acontecer sem um direcionamento específico nesse sentido.

"A minha irmã trazia as coisas da ABEUNI para fazer em casa e chamava a família inteira para ajudar. Quando conheci melhor os objetivos da ABEUNI, decidi participar pelo lado da responsabilidade social, mas durante todo esse tempo, percebi e pude aproveitar bastante o lado do desenvolvimento pessoal e das amizades q​ue se formavam lá dentro", conta Celso.

"As redes sociais facilitam nosso trabalho. Depois que passamos a usar essas ferramentas, conseguimos atingir outros públicos, o que fez com que a porcentagem de participação dos nikkeis diminuísse", avalia Cecilia.

A divulgação é feita nas faculdades e também em eventos, como a Festa Junina, Festival ABEUNI (com atrações musicais e atividades relacionadas à cultura japonesa) e Copa ABEUNI, torneio de futebol de salão.

Tais eventos têm como objetivo a captação de recursos para a entidade, mas também funcionam como atrativo de novos membros.

No que se refere à manutenção dos membros, Cecilia destaca os laços de amizade que se formam entre os voluntários.

"Os pilares de integração e amizade são muito fortes para nós. Quando vamos aos eventos, são 150, 200 voluntários. Todos se dão bem, se conhecem. Durante os eventos, tem horário para integração. Temos muita preocupação em integrar os membros novos. É muito mais gostoso fazer trabalho voluntário com quem você conhece, com quem é amigo. Na sede da entidade, todo sábado, fazemos reunião geral, em que passamos recados e atualização das atividades. Temos uma comissão que organiza os programas após essa reunião. A gente sai para jantar ou vai para boliche, karaoke etc. Creio que a retenção acontece muito por causa dessa integração".

Em média, um voluntário atua de forma intensa na ABEUNI durante 2 ou 3 anos. "Mesmo que a pessoa se afaste um pouco, pode voltar sem problemas. Continua sendo membro", explica Cecilia.

Atividades assistenciais

Em toda a existência, mais de 2.000 voluntários passaram pela entidade, superando a marca de 200.000 atendimentos nas Caravanas e Minicaravanas.

Foto da primeira Caravana da ABEUNI, em 1984.

Nas caravanas, os voluntários visitam cidades próximas de São Paulo, como Embu Guaçu, Itapevi e Atibaia. A entidade conversa com a prefeitura local, pois é preciso autorização para utilizar estrutura, transporte e meios de divulgação do atendimento para a população. Durante esse tempo, os cerca de 200 voluntários participantes ficam alojados em escolas públicas, que também é onde acontecem os atendimentos.

A Caravana e Minicaravana diferem apenas na duração: enquanto a primeira acontece em uma semana inteira, a segunda ocupa apenas o fim de semana. Ambas acontecem duas vezes por ano, alternadamente.

"Fiz parte de um grupo que organizava as Caravanas da Saúde. O último evento que eu organizei foi em São Vicente, em que fui o principal contato entre a comissão organizadora e a Secretaria da Saúde da cidade. Tudo correu bem durante o evento a partir desta relação. Fiquei muito orgulhoso e realizado por isso, pois foi quando senti que eu conseguia fazer muito mais coisas do que pensava", avalia Celso.

Nas Caravanas, são realizados atendimentos odontológicos como obturação e extração de dentes, e serviços de enfermagem, como aferição de glicemia, medição de pressão e coleta para exame de papanicolau. Há também informações sobre prevenção de doenças, nutrição e economia doméstica.

Os voluntários cadastram as pessoas atendidas, enquanto outros são responsáveis pelo preparo e esterilização dos materiais utilizados. Ainda, outros fazem pesquisa de campo nos bairros carentes para buscar informações sobre as condições de saúde no local.

"Sempre falamos para os voluntários que vão pela primeira vez, que queremos oferecer um tratamento humanizado. Chame pelo nome, olhe nos olhos. A população nos acolhe com muito carinho. Não é apenas um atendimento médico. Às vezes é falta de contato humano, carência afetiva. É o que tentamos levar", conta Cecilia.

Voluntários da entidade em trabalho de campo.

A ABEUNI também desenvolve projetos contínuos com entidades ou comunidades carentes. Atualmente, o projeto "Educando o Futuro" tem como foco a educação, com o objetivo de desenvolver nas crianças conceitos como cidadania, trabalho em equipe, respeito e disciplina por meio de atividades lúdicas.

 

Conheça mais sobre a ABEUNI:

Site: http://www.abeuni.org.br

Vídeo institucional:

 

© 2015 Henrique Minatogawa

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About the Author

Henrique Minatogawa é jornalista e fotógrafo, brasileiro, nipo-descendente de terceira geração. Sua família veio das províncias de Okinawa, Nagasaki e Nara. Em 2007, foi bolsista Kenpi Kenshu pela província de Nara. No Brasil, trabalha na cobertura de diversos eventos relacionados à cultura oriental. (Foto: Henrique Minatogawa)

Atualizado em julho de 2020

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