A história dos nikkeis na Argentina se iniciou no período 1908-1909, com a chegada de imigrantes provenientes das províncias de Okinawa e Kagoshima que até hoje constitui o maior contingente em relação aos demais. O primeiro imigrante japonês ingressou no país via Brasil e os sucessivos grupos que se seguiram, entraram na Argentina através dos países vizinhos.

Imigrantes japoneses efetuando caminhadas difíceis através da Cordilheira dos Andes para entrar na Argentina, após chegarem no Chile em 1915 (Acervo da Asociación Japonesa em Argentina)
Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, os nikkeis estavam se dedicando a pequenos negócios nas cidades, principalmente tinturarias e bares em Buenos Aires, e alguns trabalhavam como empregados domésticos, operários nas fábricas e estivadores. Um grupo pequeno se dedicava a horticultura, floricultura e pesca. Nas regiões onde havia numerosa população nikkei, verificou-se a fundação de associações de provincianos e escolas de língua japonesa que serviram de elo para a formação das comunidades nikkeis.

Na década 1920, os negócios de tinturaria eram muito populares entre os japoneses. O proprietário japonês da Tinturaria Kioto sito a Lavalle, n. 2047, em Buenos Aires, que chegou ao país em 1914 (Acervo da Família Sato)
Impacto da Segunda Guerra Mundial
Durante o conflito bélico entre os Estados Unidos e o Japão, a Argentina permaneceu neutra até o ano de 1943 e o fato contribuiu para limitar o impacto da guerra na vida dos nikkeis. Durante o período de 1944 a 1946, a comunidade sofreu restrições incluindo a proibição para realizar reuniões, publicação de jornais e educação em língua japonesa, bem como o congelamento de bens pertencentes a pessoas físicas e jurídicas de nacionalidade japonesa. Dentro deste contexto, os japoneses se integraram mais a sociedade argentina fixando-se de forma permanente no país.
Fluxo a partir da década de 60
Entre as décadas de 1960 e 1970, o ingresso de novos imigrantes veio a rejuvenescer a comunidade nikkei na Argentina. Muitos vieram atraídos pelas oportunidades econômicas na agricultura. Nos anos que se seguiram após a guerra, assistiu-se a uma ascensão das gerações nascidas na Argentina, sendo que muitos deles receberam educação superior e passaram a praticar a fé católica. Com o aumento de empregos entre os assalariados de colarinho branco, houve uma diversificação maior de escolha de carreiras para os jovens nikkeis argentinos, embora alguns nissei e sansei tivessem tomado a decisão de trabalhar no Japão, como consequência das recessões no plano doméstico, a partir da década de 80.

O desfile comemorativo do centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Argentina e Japão, assinado em 1898, ocorrido nas avenidas centrais de Buenos Aires em agosto de 1998 (Acervo da Asociación Universitaria Nikkei).
Fonte:
Akemi Kikumura-Yano, ed., Encyclopedia of Japanese Descendants in the Americas: An Illustrated History of the Nikkei (Walnut Creek, Calif.: AltaMira Press, 2002), 71.
* Texto elaborado em colaboração com o Centro Nikkei Argentino e a Asociación Universitaria Nikkei.