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Quando o japonês se torna cidadão americano (segunda parte)

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>> Primeira parte

"Eu nunca pensei que me transformei em americana"

Yamaguchi Toshiko é orientadora do Curso de Cidadania do Pioneer Center em Little Tokio. Em Los Angeles é uma das grandes empreendedora de cursos de cidadania no idioma japonês e é responsável por muitos japoneses que conseguiram a cidadania ou se transformaram em Novos Isseis ou Novos Cidadãos Americanos. Segundo suas palavras, que também possui a cidadania americana, por mais que você seja chamada a Nova Issei Nikkei, o coração sempre será japonês.

Para Yamaguchi o mérito de ter a cidadania americana são as seguintes:

? O direito de voto, ou o direito de participar da vida política do país;
? A facilidade de administrar imóveis da família;
? O direito de tramitar a sucessão ou receber a herança sem custos adicionais;
? O direito de pedir um Seguro Social;
? A possibilidade de trabalhar em uma repartição pública federal ou receber promoções se trabalha num órgão estadual ou municipal;
? O direito de receber legalmente, o cônjuge, os pais ou os filhos.

Além disso, existe maior prioridade aos cidadãos americanos em relação a possiblidade de receber um transplante de órgãos, perante um processo judicial, ou concorrência para uma bolsa de estudos.

Entre as pessoas que eu entrevistei, a maioria citou como motivação principal para tramitar a cidadania os ítens ? e ?. Porque para os japoneses que chegaram aqui, que construíram casas ou desenvolveram algum negócio, por não ser cidadãos americanos a herança deixada ao filho dificilmente será considerada legal e com os impostos em dia.

“Eu tenho uma amiga que sofreu muito com esse problema”, confessou a pessoa “B” que já vive nos Estados Unidos há 18 anos. Existe uma grande diferença nos trâmites entre um estrangeiro e um cidadão americano para receber a herança. “B” decidiu realizar os trâmites para tirar a cidadania quando conheceu o caso desta amiga que teve que abandonar a sua casa porque não tinha os recursos exigidos para tramitar a sucessão.

A pessoa “C”, que viveu 35 anos aqui, está preocupada com as mesmas questões. Sempre viveu com a residência permanente mas o caso legal do seu imóvel está causando uma grande aflição. “Se eu morrer, o que acontece com a minha casa?” Por esse motivo resolveu tramitar a cidadania.

Existe caso como o da pessoa “D” que vive aqui há 25 anos. Ela quer trazer a mãe, que está no Japão, para viverem juntas. Está preocupada com ela porque já é uma senhora de idade avançada e vive no Japão. Existia a possibilidade de ela mudar-se para o Japão, mas segundo as circunstâncias, pensando na família, no marido e nos filhos, isso foi descartado. “Por isso, comecei a pensar em trazer-la para viver aqui”. Mas para que ela possa receber legalmente a sua mãe, primeiro precisa tramitar a cidadania. Este é um caso típico onde pessoas como “D”, gostariam de receber seus pais para viverem juntos.

Além disso, existem casos que a pessoa gostaria de simplificar os trâmites todas as vezes que deseja ingressar ao país novamente. Existe uma condição para os residentes permanentes que é estar presente no país por mais da metade do ano. Por isso, se as idas e voltas ao país são muito frequentes, o setor de Imigração está complicando o ingresso ultimamente.

Outro tema em questão é a insegurança em relação ao Seguro Social, o Sistema de Previdência Social, que neste caso, é o que mais se aproxima a nossa aposentadoria. Atualmente, existem desconfianças que no futuro, o montante a receber um estrangeiro residente pode ser menor que a de um cidadão. Todos os estrangeiros também contribuem obrigatoriamente a Previdência Social, e não acredito que por falta de fundos o governo possa decidir por não pagar àqueles que não sejam cidadãos. Mas em todo o caso, por causa dos escândalos das aposentadorias, e as baixas taxas de financiamento do ano passado, é natural que se preocupem em garantir os mesmos direitos ao de um cidadão americano.

Na primeira parte deste artigo comentei com que facilidade pode-se obter a cidadania, e que o índice de aprovação é muito alto. O governo americano está decidido a aumentar a quantidade de cidadãos, e vem realizando mudanças para facilitar os trâmites. É uma realidade que as pessoas que iniciam os trâmites de cidadania começam a ter mais conciência e amor por este país. Como no caso da pessoa “D” que declarou “Até hoje eu não tinha conciência que eu poderia ser americana. Quando eu comecei a estudar para a prova, comecei a gostar deste país”. “B” também considerou: “Eu nunca tive interesse pelas eleições presidenciais. Agora eu até assisto os debates e, concretamente, entendo a relação que existe entre a política e o meu dia-a-dia”. Estes são alguns exemplos de aumento da conciência de ser um cidadão americano.

Existem pessoas que, embora tenham sido reconhecido como cidadãos, que haja adquirido a conciência da mudança, ainda possuem dúvidas em relação ao seu futuro. “Todos os meus familiares são americanos, por isso, já comprei um túmulo no cemitério daqui.” Ou mesmo, “Eu gostaria de viver a minha velhice no Japão porque neste país os tratamentos são muito caros”. Ou “Ainda sinto que não necessito a cidadania” porque sentem nostalgia pelo seu passaporte japonês. Obter a cidadania americana teoricamente, significa dar o último passo da vida aqui nos Estados Unidos, mas este fato não significa nada definitivo no sentimento destas pessoas.

No meu caso particular, obtive a cidadania americana depois de vários anos, mas não penso muito nisso. No Japão, que não aceita a dupla nacionalidade, porque pessoas como nós, que somos filhos de japoneses, somos obrigados a renunciar a nossa cidadania japonesa? E se eu perdo a cidadania significa que já não sou japonesa? Estas são algumas questões muito mais difíceis de resolver que um simples exame de cidadania que tem um índice de aprovação superior a 90%.

© 2008 Yumiko Hashimoto

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About the Author

Yumiko Hashimoto é nascida na cidade de Kobe da província de Hyogo. Vive em Los Angeles desde 1997. Trabalha como jornalista da Nikkey Community escrevendo artigos focalizando temas locais. Durante a sua vida no Japão, nunca tinha ouvido falar de campos de refugiados da Segunda Guerra Mundial e nem conhecia a palavra “Nikkei”. Ela participa deste Discover Nikkei com a esperança de poder aproximar um pouco entre si, os nikkeis que vivem aqui.

Atualizado em outubro de 2008

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