Entrevistas
Pensar em um idioma e viver em outro (Espanhol)
(Espanhol) Eu acho que ele [o meu avô] pensava em japonês, mas tinha que falar outro idioma ... E essa é a marca de um estrangeiro permanente. Pensar em um idioma e viver em outro, é algo que deixa você marcado. Eu acho que de alguma maneira ele conseguia equilibrar as duas coisas; ele era muito reservado apesar de possuir um certo calor humano. Não era como os japoneses—era um calor humano meio argentino ... Não sei se você me entende. Não sei se “calor humano” é a expressão correta; [ele] piscava o olho para suas netas, que éramos nós, as garotinhas com as quais ele poderia ter agido de forma mais distante ou fria—só que ele não era assim. Dá para entender? Eu gostaria de tê-lo conhecido, como te disse antes, numa relação mais adulta, mas não pude porque ele morreu quando eu ainda era muito criança. Mas por exemplo, eu comecei a estudar japonês muito depois dele ter morrido. Uma coisa que se tivesse acontecido teria me deixado muito feliz era se nós dois pudéssemos nos comunicar em japonês, nem que fossem só umas cinco palavras. Isso é algo que eu gostaria muito que tivesse acontecido, mas não pôde ser assim.
Data: 12 de julho de 2006
Localização Geográfica: Buenos Aires, Argentina
Entrevistado: Takeshi Nishimura, Ricardo Hokama
País: Centro Nikkei Argentino