(Inglês) Depois que eu fui embora do campo e estava morando em Long Beach, eu vi uma das meninas com quem eu costumava brincar no campo. Ela se chamava Akiko Shigetomi, e eu lembro de vê-la. Nós nos encontramos e sentimos muita vergonha de conversar e nunca mencionamos o campo. Nós nunca mencionamos o campo e ... Era algo subconsciente. Quando eu penso naquilo agora, era como [se o campo tivesse sido] um pesadelo ou [eu sentia] que aquela experiência era algo vergonhoso. Então você não podia falar do que havia acontecido. E não se falava. E então, é claro, eu me dei conta que foi algo totalmente suprimido durante minha adolescência e que foi só quando eu escrevi o livro que tudo aquilo veio à tona e toda aquela bagagem traumática emocional ...O que aconteceu emocionalmente foi tão traumático.
E eu sei que não foi só comigo. É por isso que quando ... Foi como ver ... Eu vou tentar criar uma metáfora. É como rever alguém com quem você passou por uma experiência em comum – digamos que vocês duas tivessem sido estupradas ou algo assim – e então você vê aquela outra pessoa, e vocês sabem pelo que passaram, mas o fato nunca é comentado. É assim: “Olha só, esse é um assunto a não ser discutido. Não vamos falar sobre aquilo. Não vamos nem mesmo reconhecer o que aconteceu conosco”.
Mais tarde, à medida que eu fui amadurecendo, eu passei a ser capaz de mencionar o campo e pensar: “Ah, sim, eu me lembro do campo...” Mas [naquela época] éramos muito jovens e as feridas ainda estavam abertas. Nós não conseguíamos entender o que tinha acontecido conosco. Não sabíamos que éramos ... A única coisa que sabíamos era que nós seríamos odiadas assim que deixássemos do campo.
Data: 27 de dezembro de 2005
Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos
Interviewer: John Esaki
Contributed by: Watase Media Arts Center, Japanese American National Museum