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Considerações organológicas sobre o Taiko

O signicado da alma do taiko é:
‘a confirmação da nossa vitalidade e do grito da nossa alma’;
‘o compartilhamento de sentimentos com os próximos’;
‘o estímulo e o encorajamento recíproco’.
Daihachi Oguchi (s. d.: 4)1

Preliminarmente, convém ressaltar que organologia é o estuno chão (sueokigata) do dos instrumentos musicais, enfocando não somente a estrutura e possibilidades do instrumento, mas também o seu entorno geográfico, histórico e sócio-cultural.

Foto: Wikipedia.com

O taiko figura entre os instrumentos mais difundidos e tocados fora do Japão. No Brasil, desde a voga do Olodum – sem pretender apontá-lo como causa – venho notando uma proliferação na adesão à “alma do taiko”, principalmente por parte dos jovens, que como se pode inferir na expressão do professor Oguchi, antes de ser uma opção musical, trata-se de uma atitude de vida. É preciso frisar que ele foi “o introdutor do sistema coletivo múltiplo [grupo de taikos variados], em 1951” (op. cit.: 6), no contexto histórico do pós-guerra. Assim, as palavras “vitalidade, compartilhamento, estímulo e encorajamento”, refletem fortemente o espírito de reconstrução da auto-estima de um país semi-destruído pela segunda guerra. Hoje, segundo o etnomusicólogo londrino David Hughes2 (1983: 501) “essas ‘orquestras’ de taiko desempenham o papel de gerar o espírito da aldeia ou do povoado”, ou seja, de identidade local, sentimento de coletividade e pertencimento.

Grafa-se o termo taiko com os kanji (ideogramas) 太 tai, supremo, e 鼓 ko tambor, designando os tambores em geral, sobretudo o membranofone, cujo principal elemento vibratório é uma membrana de couro. Quando o termo é um sufixo, torna-se daiko, como por exemplo, wa-daiko 和太鼓, para todos os tambores nacionais, tsuri-daiko, para todos os tambores suspensos, 大太鼓, ō-daiko, para o tambor grande, 平太鼓 hiradaiko, para o tambor cilíndrico, nodaiko, para o tambor utilizado no teatro no, entre outros. Os tipo mais comuns são o 桶胴太鼓 okedō-daiko, e o 締め太鼓 shime-daiko.

A leitura isolada do ideograma 鼓, ko, é tsuzumi, outro nome genérico dado aos tambores japoneses, ou especificamente, é o tambor do conjunto do teatro no, que se toca com o instrumento apoiado no ombro direito do executante. O ideograma ko apresenta do lado esquerdo o kanji yorokobi, alegria. Por isso os professsores de taiko costumam recomendar que o aluno aproveite a alegria de tocar, transmitindo esse contentamento para o espectador.

A maioria dos tambores japoneses apresenta uma membrana em cada extremidade do corpo: uma para tocar e outra para ressoar ou tocar (pelo mesmo percussionista ou outrem). Essas peles são geralmente bovinas ou equinas. A caixa de ressonância ou “corpo pode ser feito com madeiras diversas, zelkova, sândalo, pinheiro, cerejeira, etc.” (Hughes 1983: 501). Com exceção do hiradaiko e shimedaiko, de corpo cilíndrico reto, todos os taiko possuem o corpo em formato de barril. Diferentemente do tsuzumi 鼓, corpo em forma de ampulheta, cujo couro de potro é golpeado com os dedos, todos os tambores taiko são percutidos com baquetas denominadas bachi.

Há uma grande variedade de diâmetros e comprimentos entre os tambores com membranas duplas, os maiores deles são encontrados entre os ?-daiko, tsuridaiko e hiradaiko. Mas diferença principal reside na forma de prender o couro no corpo ou anel: nos tambores em forma de barril, as peles são presas diretamente ao corpo através de tachas; nos tambores cilíndricos ou em forma de ampulheta, as peles são presas num aro com diâmetro maior que o corpo, e são afinadas, geralmente, apertando os cordões atados aos aros. Neste tipo de aro, além do okedō-daiko, temos o dadaiko, utilizado na música da corte gagaku, o kakko, utilizado no nagauta, o shimedaiko, no teatro no e daiby?shi, nas manifestações folclóricas.

Os taiko podem ser tocados em diversas posições e ângulos.

CLASSIFICAÇÃO

Pelo exposto acima e a explanação de Oguchi (s. d.: 14-27), os taikos podem ser classificados quanto à(o):

UTILIZAÇÕES E REPRESENTAÇÕES

Os registros mais antigos de taiko encontrados no Japão, de dois mil anos atrás, foram nas imediações do lago Nojiri e ruínas de Togariishi. Como a primeira região era farta de elefantes, presume-se que o instrumento servia para ser tocado, enquanto o caçador emitia gritos para atacá-los. Na segunda localidade foram encontradas “peças de barro, onde presume-se que estas eram revestidas de couro [..] servindo como ferramenta para a permuta de mercadorias”, prossegue Oguchi (s.d.: 3), inferindo que os antepassados utilizariam o taiko para a comunicação à distância e expressar sentimentos de alegria, ira, tristeza e prazer.

Por ser um instrumento essencialmente rítmico, servia para homogeneizar a marcha dos soldados e, em algumas regiões do país, ainda se mantém a tradição de anunciar as horas do dia para o povoado. Oguchi (s.d.: 5) ressalta que para entender a origem de muitos toques atuais:

não podemos ignorar o jindaiko, tambor de guerra, que os comandantes da era bélica inventaram com o intuito de conquistar e fazer emergir a força mística que o taiko possui para levantar a moral dos comandados, [...] com a finalidade de elevar o espírito e estimular a coragem dos combatentes durante a guerra, iludindo e afugentando os inimigos.

O verbete “taiko” do Wikipédia3 reforça o seu uso militar:

No Japão feudal, taikos eram frequentemente usados para motivar as tropas, para ajudar a marcar o passo na marcha e para anunciar comandos e embates marciais. Ao se aproximar ou entrar no campo de batalha, o taiko yaku [toques de tambor] era responsável por determinar o passo da marcha, usualmente com seis passos por batida do tambor.
De acordo com uma das crônicas históricas (o Gunji Yoshu), nove conjuntos de cinco batidas servia para levar um batalhão à batalha, enquanto nove conjuntos de três batidas aceleradas três ou quatro vezes e seguidas pelos gritos "Ei! Ei! O! Ei! Ei! O!" era a chamada para avançar e perseguir o inimigo.

Após essas suposições remotas de sobrevivência, temos as reminiscências da utilização do tambor como instrumento religioso. Em várias culturas o tambor tem o poder do transe ou encantamento, como por exemplo nas cerimônicas xamânicas ou rituais afro-brasileiros, como o candomblé e umbanda. No Japão, o taiko também está sempre presente nos templos, pois ele é considerado a morada dos antepassados e dos deuses, servindo como instrumento de comunicação ou ligação com tais entidades sobrenaturais. Na própria mitologia consta a versão de que o tambor serviu para atrair a deusa sol Amaterasu – que havia se escondido numa caverna e deixado o mundo nas trevas, após ter sido contrariada por um de seus irmãos – trazendo de volta a luz do dia.

Nos dias de hoje, o taiko é protagonista de festividades ou matsuri de várias localidades, pois acredita-se que serve para acalmar ou exorcizar os espíritos perturbadores ou inquietos.

Calcula-se que a arte do taiko foi introduzida, quando a música japonesa sofria influência da cultura chinesa, via Coréia, no período Asuka, por volta do século VII, pouco depois de adotar a escrita e o budismo. Oguchi (s.d.: 6) complementa:

O taiko foi adquirindo sons e movimentos típicos tornando-se um instrumento musical utilizado no teatro, em especial no kabuki. A partir da era Edo [secs. XVII à XIX] difundiu-se na música folclórica. A partir de então, surgiram em outras regiões do país os diferentes estilos de taiko, com diversas denominações alusivas aos nomes dos respectivos locais ou aos nomes das festividades.

O professor elucida também que o taiko já ultrapassou a fronteira da tradição folclórica e, através do seu avanço de recursos e timbres conquistou a sua inserção na música artística contemporânea e internacional.

Notes

1. Oguchi, Daihachi. Sem data. Manual de taiko. Traduzido por Artur Nakahara. Sem local: Confederação Japonesa de Taiko, sem data.

2. Hughes, David. The New Grove Dictionary of Musical Instruments. 3 vols. London: Macmillan, 1984.

3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Taiko , acessado em 26 de novembro de 2007.

© 2008 Alice Lumi Satomi

Acerca del Autor

Alice Lumi Satomi. Profesora de cursos de Educación Musical y del Programa de Postgrado en Música (etnomusicología) de la UFPB, donde coordina el Centro de Investigación y Documentación de Cultura Popular (NUPPO).

Actualizado en junio de 2008

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